
O Comitê do Nobel da Paz abriu uma investigação sobre um possível vazamento do nome da vencedora deste ano, após o nome da venezuelana María Corina Machado disparar em uma plataforma de apostas poucas horas antes do anúncio oficial, feito nesta sexta-feira (10).
As informações foram publicadas pela agência Bloomberg, que relatou movimentos atípicos na Polymarket, site que usa tecnologia blockchain e permite apostar em resultados de eventos políticos e sociais. Segundo a agência, um único usuário teria apostado US$ 70 mil (R$ 384,6 mil) na vitória de Machado, obtendo lucro estimado em US$ 30 mil (R$ 164,9 mil).
De acordo com a Bloomberg, o usuário havia criado a conta dias antes do anúncio e nunca havia feito apostas na plataforma. Até a quarta-feira (8), María Corina não figurava entre os nomes favoritos. No entanto, por volta das 18h de quinta-feira (9), cerca de 12 horas antes do resultado, o nome dela saltou de 1% para 70% das apostas.

O movimento chamou a atenção do Instituto Nobel Norueguês, que decidiu apurar o caso. “Parece que fomos vítimas de um criminoso que quer lucrar com nossas informações”, disse Kristian Berg Harpviken, diretor do instituto, à Bloomberg. O Comitê Norueguês afirmou que “leva a escolha do prêmio muito a sério” e prometeu revisar os protocolos de segurança para futuras edições.
Nas redes sociais, a Polymarket reagiu com ironia. Ao comentar a investigação, a conta oficial da empresa no X publicou apenas a palavra “whoops”.
A plataforma ganhou notoriedade por permitir apostas em tempo real sobre temas que vão de eleições presidenciais a resultados de prêmios internacionais, usando contratos inteligentes baseados em blockchain.
whoops https://t.co/9kY8vBCWmP
— Polymarket (@Polymarket) October 10, 2025
Quem é María Corina
María Corina Machado, de 57 anos, é uma das principais líderes da extrema-direita na Venezuela. Engenheira e empresária, tornou-se conhecida pela atuação em defesa dos direitos civis, apoiada pelos Estados Unidos, e pela resistência ao regime de Nicolás Maduro.
Fundadora da organização Súmate, que promove eleições livres e transparentes, Machado foi eleita deputada em 2010, mas expulsa da Assembleia Nacional quatro anos depois.
Em 2023, anunciou candidatura à presidência, mas foi impedida de concorrer. No pleito de 2024, apoiou o opositor Edmundo González Urrutia, cuja vitória foi negada pelo governo. Desde então, vive escondida por causa das perseguições políticas.
O Comitê Norueguês justificou a escolha de Machado afirmando que ela representa “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos” e reconheceu sua “luta incansável pela transição pacífica da ditadura para a democracia”. Em nota, o texto oficial da premiação afirma que “María Corina Machado mantém acesa a chama da democracia em meio à escuridão crescente”.