Trump anuncia tarifa de 100% em produtos da China: “Retaliação séria”

Atualizado em 10 de outubro de 2025 às 18:57
Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (10) que vai impor tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro, em uma nova escalada na guerra comercial com Pequim. Segundo o republicano, a medida poderá ser antecipada “dependendo de quaisquer ações ou mudanças adicionais tomadas” pela China.

Trump afirmou ainda que o país passará a adotar controles de exportação “sobre todo e qualquer software crítico”, numa resposta direta ao que chamou de “manipulação industrial chinesa”.

Horas antes, o presidente havia endurecido o tom contra o governo de Xi Jinping, acusando a China de controlar a exportação de elementos ligados às terras raras — grupo de minerais essenciais à produção de chips, computadores e equipamentos eletrônicos.

Ele também afirmou não ver mais sentido em se reunir com o líder chinês, encontro que estava previsto para ocorrer no fim do mês, durante a Cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul. “Agora não há motivo algum para que a reunião ocorra”, disse Trump. Pequim não havia confirmado oficialmente o encontro.

Em publicação na rede Truth Social, o presidente escreveu que os Estados Unidos estudam “um aumento massivo” nas tarifas de importação sobre produtos chineses e que outras medidas de retaliação estão em análise.

“Uma das políticas que estamos calculando neste momento é um aumento massivo nas tarifas sobre produtos chineses que entram nos Estados Unidos. Há muitas outras medidas de retaliação que também estão sendo seriamente consideradas”, publicou. A medida, segundo analistas, pode reativar a guerra comercial de retaliações mútuas entre Washington e Pequim, suspensa no início do ano após uma rodada de negociações diplomáticas.

Trump também afirmou que a China tem enviado cartas a diversos países anunciando planos para impor controles de exportação sobre elementos utilizados na produção de terras raras.

“Ninguém jamais viu algo assim; essencialmente, isso congestionaria os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente todos os países do mundo — especialmente para a própria China”, declarou. Em seguida, acrescentou: “Mas os EUA também têm posições monopolistas, muito mais fortes e abrangentes do que as da China. Eu simplesmente não escolhi usá-las antes porque nunca houve motivo para isso — ATÉ AGORA!”. As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a indústria global, com grandes reservas concentradas na China e no Brasil.

O impacto das declarações foi imediato. O índice S&P 500, referência do mercado financeiro estadunidense, recuou 2% logo após a publicação das mensagens nas redes sociais. Investidores migraram para títulos do Tesouro, derrubando os rendimentos e elevando o preço do ouro.

O dólar estadunidense também perdeu força diante de outras moedas. Até o momento, nem a Casa Branca nem a embaixada da China em Washington comentaram o anúncio. O representante de Comércio dos Estados Unidos e o Departamento do Tesouro, responsáveis pelas negociações com Pequim, também não responderam aos pedidos de posicionamento.

Veja a publicação de Trump na íntegra:

Coisas muito estranhas estão acontecendo na China! Eles estão se tornando bastante hostis e enviando cartas para países ao redor do mundo, afirmando que querem impor controles de exportação sobre todos os elementos de produção relacionados às terras raras — e praticamente qualquer outra coisa que possam imaginar, mesmo que não seja fabricada na China. Ninguém jamais viu algo assim; essencialmente, isso “congestionaria” os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente todos os países do mundo — especialmente para a própria China.

Fomos contatados por outros países que estão extremamente irritados com essa grande hostilidade comercial, que surgiu do nada. Nosso relacionamento com a China nos últimos seis meses tem sido muito bom, o que torna essa mudança comercial ainda mais surpreendente. Sempre senti que eles estavam apenas esperando o momento certo — e agora, como de costume, fui provado certo!

Não há como permitir que a China mantenha o mundo “cativo”, mas parece que esse tem sido o plano deles há algum tempo, começando com os “ímãs” e outros elementos que acumularam silenciosamente até alcançar uma posição quase monopolista — um movimento bastante sinistro e hostil, para dizer o mínimo. Mas os EUA também têm posições monopolistas, muito mais fortes e abrangentes do que as da China. Eu simplesmente não escolhi usá-las antes porque nunca houve motivo para isso — ATÉ AGORA!

A carta que eles enviaram tem várias páginas e detalha, com grande especificidade, cada elemento que pretendem reter de outras nações. Coisas que antes eram rotineiras agora deixaram de ser. Não falei com o Presidente Xi porque não havia razão para fazê-lo. Isso foi uma verdadeira surpresa, não apenas para mim, mas para todos os líderes do Mundo Livre. Eu deveria me encontrar com o Presidente Xi em duas semanas, na APEC, na Coreia do Sul, mas agora parece não haver motivo algum para isso.

As cartas chinesas foram especialmente inadequadas, pois foram enviadas no mesmo dia em que, após três mil anos de caos e conflitos, finalmente houve PAZ NO ORIENTE MÉDIO. Pergunto-me se esse timing foi coincidência? Dependendo do que a China disser sobre a “ordem” hostil recém-publicada, serei forçado, como Presidente dos Estados Unidos da América, a contra-atacar financeiramente. Para cada elemento que eles conseguiram monopolizar, nós temos dois.

Nunca imaginei que chegaríamos a esse ponto, mas talvez, como em tudo na vida, tenha chegado a hora. No fim das contas — embora potencialmente doloroso — isso será algo muito bom para os EUA. Uma das políticas que estamos calculando neste momento é um aumento massivo nas tarifas sobre produtos chineses que entram nos Estados Unidos da América. Há muitas outras medidas de retaliação que também estão sendo seriamente consideradas.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.