
O presidente da Argentina, Javier Milei, e sua irmã Karina foram vaiados e insultados por um grupo de pessoas no centro de Buenos Aires, na quarta-feira (9). O episódio ocorreu nas avenidas de Mayo e Perú, uma das regiões mais movimentadas da capital.
Gritos de “ladrões”, “filhos da p…” e “subornador” foram registrados por testemunhas e se espalharam rapidamente nas redes sociais, em vídeos que mostram o casal de irmãos tentando deixar o local. Em determinado momento, a loira chega a empurrar um de seus seguranças.
Milei e Karina estavam acompanhados por seguranças da Casa Rosada e, diante da hostilidade, foram escoltados até uma caminhonete preta. A comitiva presidencial deixou a área em alta velocidade, enquanto manifestantes continuavam a gritar palavras de ordem contra o presidente.
O incidente aconteceu em um momento de forte tensão política, quando o governo enfrenta múltiplas denúncias e queda de popularidade nas principais cidades argentinas.
🔴🔴🔴 AGORINHA 🔴🔴🔴
Karina, irmã de Javier Milei, correndo desesperada – chega a empurrar o motorista – em meio a vaias e xingamentos no centro de Buenos Aires. Durou menos de dois anos a ilusão dessa família de corruptos (começando pelo pai) de que salvariam a Argentina. pic.twitter.com/2sdH45P11R
— Rogério Tomaz Jr. (@rogeriotomazjr) October 10, 2025
O estopim da crise foi a revelação de ligações entre José Luis Espert, aliado político de Milei, e o empresário Federico “Fred” Machado, acusado de tráfico internacional de drogas. Machado, que será extraditado para os Estados Unidos, é suspeito de ter feito doações não declaradas para a campanha presidencial de Milei em 2019.
Segundo documentos citados pela imprensa argentina, ele também teria assinado um contrato no valor de um milhão de dólares com intermediários ligados ao partido La Libertad Avanza.
A repercussão levou Espert a retirar sua candidatura a deputado pela província de Buenos Aires nas próximas eleições. Ele também renunciou à presidência da Comissão de Orçamento e Finanças da Câmara dos Deputados e pediu licença do mandato até o fim de seu período parlamentar. O político nega envolvimento com o empresário e diz que sua saída é “temporária”, para não prejudicar o governo.
O escândalo ganhou novas dimensões após denúncias de que o grupo também teria tentado subornar o secretário-geral da Presidência, em meio a uma investigação sobre supostos esquemas de corrupção na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Andis). O nome de Karina Milei, irmã e braço-direito do presidente, é citado no caso. As autoridades argentinas ainda não divulgaram detalhes sobre o andamento das apurações.
A rejeição pública aos irmãos Milei ocorre num cenário político cada vez mais adverso. Nos últimos dias, a oposição obteve avanços no Congresso e em várias províncias, enquanto as viagens de Milei pelo interior têm enfrentado protestos e baixo comparecimento. O governo tenta conter a crise, mas enfrenta dificuldades em meio à instabilidade econômica e ao aumento da pressão social nas ruas.