O bilionário Peter Thiel, cofundador do PayPal e um dos principais investidores do Vale do Silício, vem conduzindo palestras fechadas em São Francisco sobre o “Anticristo” e o Armagedom.
Em áudios obtidos pelo jornal britânico The Guardian, o empresário, aliado e financiador de Donald Trump — cujo governo concedeu à sua empresa Palantir contratos bilionários com o Pentágono, o ICE (agência de imigração) e o Departamento de Saúde — mistura passagens bíblicas, filosofia e teorias conspiratórias para alertar que “o fim dos tempos” estaria sendo acelerado por instituições globais, ambientalistas e defensores da regulação tecnológica.
“Uma definição básica do Anticristo: algumas pessoas o veem como um tipo de pessoa muito má. Às vezes, é usado de forma espiritual, como uma força do mal. O que eu vou tratar é da interpretação mais comum e dramática: um rei maligno, um tirano ou anti-messias que aparece no fim dos tempos”, disse.
Ele associa esse “Anticristo moderno” a figuras que, segundo ele, tentam limitar o avanço científico. “No século XVII ou XVIII, o Anticristo seria um Dr. Strangelove, um cientista louco. No século XXI, o Anticristo é um ludita que quer parar toda a ciência. É alguém como Greta [Thunberg] ou Eliezer [Yudkowsky].”
Greta representa “uma sombra ou um tipo de Anticristo de um tipo tentador”, mas não o próprio. Greta Thunberg, de 22 anos, tornou-se um dos símbolos da luta ambiental global e crítica contundente de corporações poluidoras e governos que desrespeitam metas climáticas. Já Eliezer Yudkowsky é um pesquisador norte-americano conhecido por alertar para os riscos da inteligência artificial e propor restrições severas à IA. Nick Bostrom, outro citado por Thiel como parte dos “legionários do Anticristo”, é filósofo sueco e autor de “Superintelligence”, obra sobre o perigo de máquinas superpoderosas superarem o controle humano.
“Na modernidade tardia, quando a ciência se torna assustadora e apocalíptica, os legionários do Anticristo como Eliezer Yudkowsky, Nick Bostrom e Greta Thunberg argumentam por um governo mundial para parar a ciência. O Anticristo se tornou anticiência”, disse Thiel.
Em vários momentos, ele alternou ataques pessoais e digressões políticas. Sobre Bill Gates, declarou: “Um dos meus amigos disse que eu devia aproveitar para dizer às pessoas em São Francisco que Bill Gates é o Anticristo. Eu admito que ele é um tipo Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Eu vi o Mr. Hyde há um ano — um acesso ininterrupto de palavrões, quase incompreensível.” Depois, tentou amenizar: “Não acho que nem mesmo alguém como Bill Gates, que considero uma pessoa muito, muito ruim, seja remotamente capaz de ser o Anticristo.”
Thiel também citou Elon Musk, seu antigo sócio, ao criticar o “Giving Pledge”, iniciativa criada por Gates e Warren Buffett para que bilionários doassem parte de suas fortunas. “Falei a Elon: ‘Você prometeu doar metade da sua fortuna, mas, se morrer, todo esse dinheiro vai parar nas ONGs esquerdistas escolhidas por Gates.’”
Ao longo das palestras, Thiel ainda citou nomes que o influenciaram intelectualmente, como o filósofo francês René Girard, o jurista nazista Carl Schmitt e o teólogo britânico John Henry Newman. Ele sustentou que o verdadeiro Anticristo surgiria como um jovem carismático de cerca de 33 anos — “como Cristo”. “O Anticristo fala sobre Armagedom o tempo todo. Estamos morrendo de medo e aceitamos qualquer paz injusta. Esse é o lema do Anticristo: ‘Paz e segurança’”, pontuou.