
Com a aproximação das eleições de 2026, líderes do Centrão avaliam se afastar do bolsonarismo e buscar um novo nome para representar a direita. Segundo apuração da colunista Thaís Oyama, de O Globo, o grupo político que garantiu sustentação a Jair Bolsonaro durante seu governo considera apoiar o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), em uma tentativa de reconstruir sua influência eleitoral.
O casamento político entre o bolsonarismo e o Centrão rendeu benefícios mútuos entre 2019 e 2022: cargos estratégicos, influência orçamentária e poder nos bastidores de Brasília. Com a derrota de Bolsonaro, sua prisão e o enfraquecimento do PL, a relação entrou em crise. Hoje, os caciques do bloco reclamam da tentativa da família Bolsonaro de manter um protagonismo que já não corresponde à sua força nas urnas.
Entre os cenários discutidos pelo Centrão, o mais desejado seria uma candidatura unificada em torno de Tarcísio de Freitas (Republicanos), caso o governador de São Paulo aceite abandonar a reeleição para enfrentar Lula. No entanto, a resistência do bolsonarismo mais radical, liderado por Eduardo Bolsonaro, pode inviabilizar essa composição.

Caso o acordo com Tarcísio não avance, a alternativa mais concreta é apoiar Ratinho Junior. O governador do Paraná é visto como um nome de centro-direita capaz de dialogar com diferentes setores e tem mantido conversas com Ciro Nogueira (PP), Antonio Rueda (União Brasil) e Valdemar Costa Neto (PL). Segundo interlocutores, o pai do governador, o apresentador Ratinho, também entrou nas articulações.
Ratinho Junior conta com boa avaliação em seu estado e imagem consolidada no Sul e no Nordeste, o que atrai o Centrão em busca de viabilidade eleitoral. O PSD, partido do governador, já prepara uma estratégia de comunicação nacional com o apresentador Ratinho atuando como âncora da campanha do filho. A expectativa é que o projeto ganhe força no primeiro semestre de 2026, caso a direita siga fragmentada.
Enquanto o bolsonarismo insiste na narrativa de “anistia” e enfrenta divisões internas, parte do Centrão aposta em reposicionar-se como força moderada, capaz de negociar com qualquer governo.