Tony Blair recebeu Jeffrey Epstein quando era premiê britânico, revelam documentos

Atualizado em 11 de outubro de 2025 às 22:16
Tony Blair e Peter Mandelson, juntos em 2002. Foto: Reprodução/ BBC

Documentos recentemente divulgados pelo National Archives mostram que o então primeiro-ministro britânico Tony Blair recebeu Jeffrey Epstein em Downing Street em 14 de maio de 2002, após recomendação de Peter Mandelson.

O National Archives é o órgão oficial do governo do Reino Unido responsável por preservar e disponibilizar documentos públicos e históricos, incluindo registros de gabinetes ministeriais, correspondências oficiais e relatórios internos. Ele atua como guardião da memória institucional do Estado britânico, garantindo o acesso público a informações de interesse histórico ou administrativo.

Na época, Mandelson era deputado trabalhista, mas continuava próximo de Blair, mesmo depois de ter deixado o governo em meio a controvérsias. Ele descreveu Epstein, em e-mail enviado ao chefe de gabinete de Blair, Jonathan Powell, como “seguro” e “amigo”.

Segundo os documentos, Mandelson sugeriu que Blair conhecesse Epstein, que ele descreveu como “jovem e vibrante” e “um empreendedor com ampla rede internacional”. O e-mail mencionava também que o financista viajava com o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.

Epstein, posteriormente condenado por crimes sexuais, morreu na prisão em 2019. À época da reunião, suas atividades criminosas ainda não haviam sido reveladas.

Um memorando do funcionário público Matthew Rycroft, divulgado pela BBC, indicava que Epstein era amigo de Mandelson, Clinton e do príncipe Andrew, duque de York.

A equipe de Blair afirmou que o encontro durou menos de 30 minutos e teve como pauta política britânica e americana. Segundo o porta-voz, Blair “nunca voltou a encontrá-lo ou a manter contato”.

O governo britânico esclareceu que Jonathan Powell apenas encaminhou o pedido de reunião, sem envolvimento posterior.

Os documentos haviam sido retidos por autoridades sob o argumento de que poderiam afetar as relações entre Reino Unido e Estados Unidos, mas foram liberados após um pedido com base na lei de acesso à informação.

Jeffrey Epstein, magnata preso por exploração sexual de garotas, que se matou na cadeia em 2019

Em setembro, Peter Mandelson foi afastado do cargo de embaixador britânico nos Estados Unidos, depois que novas informações vieram à tona sobre sua proximidade com Epstein.

Os registros também mostram que Rycroft descreveu Epstein como “assessor financeiro de grandes fortunas e amigo de Clinton e Mandelson”. O texto acrescenta: “Peter diz que Epstein agora viaja com Clinton e que Clinton quer que você [Blair] o conheça”.