Sakamoto: com a bênção de Lula, brasileiro assume Aliança Global contra a Fome

Atualizado em 13 de outubro de 2025 às 11:48
Renato Godinho, ministro da carreira diplomática do Itamaraty, aprovado como diretor executivo da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Foto: Divulgação/G20

Por Leonardo Sakamoto, no UOL

O diplomata brasileiro Renato Godinho, ministro da carreira diplomática do Itamaraty e assessor internacional do Ministério do Desenvolvimento Social, foi aprovado hoje como diretor executivo da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa internacional de cooperação contra a fome e a pobreza criada quando o G20 estava sob a presidência do Brasil. O nome foi validado pelo conselho da Aliança em Roma.

Lula está na capital italiana para participar da abertura do Foro Mundial da Alimentação, organizado pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura, que celebra 80 anos e também está sediada em Roma. No encontro com o papa Leão 14 no Vaticano, nesta segunda (13), o presidente brasileiro pediu apoio para o combate à fome.

A Aliança está conectando governos que tentam combater a fome com países, bancos e organizações interessados em contribuir financeiramente e tecnicamente para isso. Os diplomatas não gostam da com a comparação, mas o mecanismo funciona como um “Tinder” contra a miséria com o objetivo de dar match.

Até agora a Aliança trabalhou graças a uma equipe do governo brasileiro, composta por integrantes de vários ministérios, que estavam acumulando funções com suas atribuições regulares.

Durante a Cúpula Social do G20 no Rio, em novembro passado, a iniciativa anunciou compromissos concretos de 41 países, 13 organizações internacionais e 18 organizações não governamentais e filantropias. Mais de 80 países decidiram se integrar à Aliança como membros fundadores, que já conta com mais de 200 membros.

Países que estão passando por situações de calamidade estavam entre os primeiros que anunciaram planos para participar da aliança. A Autoridade Nacional Palestina, por exemplo, apontou que quer ampliar as transferências de dinheiro para pessoas com deficiência severa e idosos em Gaza, passando a pagamentos mensais, utilizando pagamentos digitais para beneficiários individuais.

Palestino grita enquanto espera para receber comida de uma cozinha de caridade em Gaza. Foto: Khamis Al-Rifi/Reuters

Esses dois governos junto com os do Benin, Burundi, Chade, Chile, Equador, Libéria, Nigéria, Omã, Peru, Togo, Tunísia e Zâmbia estão liderando a iniciativa entre os que fazem compromissos para serem apoiados ou financiados. Entre os planos anunciados está o de criar ou melhorar os registros nacionais de beneficiários e sistemas de pagamento para transferências de renda – algo semelhante ao nosso CadÚnico.

Ao mesmo tempo, governos como os de Portugal e do Reino Unido estão ampliando a colaboração com organizações como as agências da ONU para alimentação e agricultura, trabalho, infância e bancos de fomento para expandir o apoio financeiro e técnico para os países de baixa e média renda que anunciaram os compromissos.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento, por exemplo, anunciou 25 bilhões de dólares em crédito e mais 200 milhões em doação para assistência técnica. O BID também espera o aumento de doações de recursos para a iniciativa.

O mecanismo do “Tinder contra fome” já conta com recursos do Brasil e outros países para o seu funcionamento — a grana para isso não é a mesma para a doação aos programas que, claro, é bem maior. Não foi calculado, contudo, quanto de dinheiro já foi prometido.

A meta é alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferências de renda e sistemas de proteção social em países de baixa e média baixa renda até 2030, expandir as merendas escolares de alta qualidade para mais 150 milhões de crianças em países com fome e pobreza infantil endêmica, alcançar 200 milhões de mulheres e crianças de zero a 6 anos com iniciativas em saúde materna e primeira infância, implementar programas de inclusão socioeconômica para 100 milhões de pessoas com foco nas mulheres.