
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do Progressistas, afirmou que a articulação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos provocou um “prejuízo gigantesco” ao projeto político da extrema-direita.
Em entrevista à Band, o ex-ministro da Casa Civil disse que, antes das ações do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro em relação ao tarifaço imposto por Donald Trump, “as eleições do ano que vem estavam completamente resolvidas”.
Ciro afirmou que a intervenção de Eduardo gerou ruído diplomático e acabou fortalecendo o presidente Lula politicamente. “Foi um erro. Já manifestei até para interlocutores do governo americano. O Trump deveria ter dito quem era o responsável real por essa situação, que era o presidente Lula, por ter atacado o dólar, pela questão do Brics”, declarou.
Segundo o senador, o episódio “prejudicou eleitoralmente” o projeto da extrema-direita. Ele ainda negou que o tarifaço de Trump tem relação com o julgamento da trama golpista, que apontou Bolsonaro como líder da organização criminosa.
O parlamentar alega que a narrativa é “falsa” e alega que as tarifas foram impostas por conta de um conflito comercial. “Eu não condeno o Eduardo, porque não sei o que faria se meu pai estivesse sendo injustiçado, mas foi um prejuízo gigantesco para o nosso projeto político”, prosseguiu.
Ele ainda disse que compreende a tentativa de defesa de Eduardo, mas argumenta que as ações tiveram efeito contrário. “O Lula ficou numa alegria muito grande com esse conflito para retomar sua popularidade. Espero que agora ele tenha responsabilidade e faça essa negociação como todos os países do mundo fizeram”, acrescentou.
Na visão do senador, o episódio deu a Lula uma oportunidade de se apresentar como líder de uma pauta nacionalista e de defesa da soberania, aproveitando o impasse diplomático com os Estados Unidos. “Espero que agora ele tenha responsabilidade e faça essa negociação como todos os países do mundo fizeram”, completou.
As declarações de Ciro ocorrem em meio à articulação para lançar o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato à Presidência em 2026. Eduardo tem insistido em tentar o Palácio do Planalto no próximo ano.
A iniciativa do deputado tem recebido críticas de diversos aliados do ex-presidente, incluindo Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que disse que Eduardo “vai ajudar a matar o pai de vez” se insistir na ideia.