
O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), liderança da bancada evangélica, que rompeu com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), declarou apoio à indicação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União (AGU), para a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente da Corte anunciou aposentadoria na última semana, e a escolha caberá ao presidente Lula (PT).
Mesmo sendo oposição ao governo, Otoni justificou o apoio pela afinidade religiosa e por entender que a presença de um evangélico no Supremo seria estratégica para as pautas conservadoras que, segundo ele, vinham sendo derrotadas na Corte.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o parlamentar afirmou que o AGU é “conservador” e que o conservadorismo estaria “acima” até mesmo da direita.
No trecho mais extenso, manteve a defesa pessoal do indicável: “Eu conheço bem [o Jorge Messias], ele é crente, ele é evangélico da Igreja Batista, e é crente mesmo, já há muitos anos. No que dependesse de mim, se eu pudesse contribuir, mas acho que não posso, eu contribuiria para que o governo, e eu sou oposição, por isso que eu acho que eu não posso contribuir, mas eu faria votos de que o presidente da República pudesse indicar o Jorge Messias (…) Todas as derrotas que nós tivemos no campo do conservadorismo, seja na questão de aborto, seja em pautas familiares e outras pautas, nós perdemos na Justiça, nós perdemos para o Supremo, que é um Supremo altamente progressista, de pautas progressistas”.
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Otoni procurou também relativizar a polarização ideológica ao defender que a fé e posições conservadoras podem existir em diferentes espectros políticos: “não é por que as pessoas são de esquerda ou ‘tem simpatia ao Lula’ que elas ‘não são de Deus’ ou não possam ser conservadoras”, disse ele, avaliando que o conservadorismo “também está na esquerda”.
Em seguida, sintetizou sua visão sobre a amplitude do termo: “A direita é maior do que o bolsonarismo e o conservadorismo é maior do que a direita. Por quê? Porque o conservadorismo, ele perpassa todas as vertentes ideológicas. Você vai ter conservador na extrema direita, você vai ter conservador de centro, você vai ter conservador de centro-direita, de direita, e você vai ter o conservador na esquerda”.