
“Você vai terminar essa guerra agora.” Com essa frase, Donald Trump encerrou uma das conversas mais tensas com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O ultimato do presidente dos Estados Unidos ocorreu após o discurso de Netanyahu na Assembleia Geral da ONU, diante de um auditório quase vazio, evidenciando seu isolamento internacional.
De acordo com fontes próximas à negociação, foi nessa reunião privada que Trump exigiu o fim imediato da ofensiva israelense em Gaza.
Dias depois, a Casa Branca divulgou uma foto em que Netanyahu aparecia pedindo desculpas ao governo do Catar pelo bombardeio que havia interrompido as tratativas de paz. A pressão de Trump vinha aumentando havia semanas.
Enquanto Israel intensificava os ataques a Gaza, países árabes — liderados por Catar, Turquia e Egito — articulavam um plano de cessar-fogo mediado por Washington. O documento de 21 pontos previa libertação de reféns, troca de prisioneiros e retirada gradual das tropas israelenses da Faixa de Gaza. Trump enxergava na iniciativa uma oportunidade política e de prestígio internacional, além de uma chance de ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz.
A rota que levou ao ultimato começou de forma improvável, durante a final do US Open, em Nova York. Enquanto Carlos Alcaraz e Jannik Sinner disputavam o título, Trump e o enviado especial Steve Witkoff acompanhavam o jogo e trocavam mensagens sobre o plano de paz.
O mediador Gershon Baskin, interlocutor de longa data entre israelenses e palestinos, contou ao Fantástico que, naquela noite, os americanos ajustaram a proposta para o Hamas. “Na noite seguinte ao jogo de tênis, Witkoff me ligou e disse que o primeiro-ministro do Catar estava entregando ao Hamas a proposta americana. Eles discutiriam à noite e negociariam no dia seguinte”, relatou.
.@POTUS: "This is not only the End of a war—it is the END of an age of terror and death, and the BEGINNING of the age of faith, hope, and of God… This is the historic dawn of a new Middle East." pic.twitter.com/TKIO6tBSTw
— Rapid Response 47 (@RapidResponse47) October 13, 2025
O avanço durou pouco. Um bombardeio israelense em Doha, capital do Catar, matou civis e agentes de segurança locais. Segundo Baskin, o ataque foi realizado sem conhecimento prévio da Casa Branca e irritou Trump, que mantinha relação próxima com o emir catariano.
O episódio abalou a confiança entre Washington e Doha, aliados estratégicos no Golfo Pérsico. Trump havia visitado o país meses antes e recebido de presente um avião de luxo, destinado a ser o novo Air Force One. A ofensiva israelense, vista pelo presidente como uma traição pessoal, levou o emir a suspender temporariamente as negociações com o Hamas.
Diante da crise, Trump reuniu líderes do Catar, Egito e Turquia em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU, e finalizou o documento de cessar-fogo. Netanyahu resistiu às exigências até o último momento.
Foi então que Trump, cercado de assessores no Salão Oval, elevou o tom: “Você vai terminar essa guerra agora.” Sem alternativas, o premiê israelense cedeu. Semanas depois, o acordo foi assinado no Egito. Antes mesmo do anúncio oficial, Trump publicou em sua rede Truth Social a mensagem celebrando o “fim da guerra”.