
A maioria dos brasileiros, as lideranças da direita e muitos dos que ainda estão no entorno de Bolsonaro desejam que ele seja preso e saia de circulação. Ciro Nogueira é quem mais quer e explicita seu desejo, seguido por Valdemar Costa Neto e Gilberto Kassab.
Gente que entra e sai da casa da família em Brasília deseja o fim de um beija-mão sem sentido, porque Bolsonaro não manda mais nada. Não impõe respeito, não orienta condutas, não diz coisa com coisa e não inspira nenhum gesto político relevante.
Desistiram de Bolsonaro por sinais públicos que são dados principalmente por Valdemar e Ciro, com falas complementares de gente da família e uma certa indiferença de quem poderia visitá-lo por compaixão.
Flavio Bolsonaro disse em vídeo, na segunda-feira da semana passada, que foi ver o pai mas ele havia apagado depois de ter tomado remédio para o soluço. Flavio informou que visitou o pai porque aquele era “mais um dia de fortes articulações”. Mas o pai estava dormindo.
São informações aparentemente conflitantes que a família e os mais próximos passam diretamente nas redes ou aos jornalistas amigos das corporações de mídia. As informações mais recentes enviadas a esses jornalistas são de que Bolsonaro sabe que irá preso.
Valdemar, Ciro e Kassab mandam avisar: Bolsonaro não ficará em casa. Porque ninguém, nem Michelle aguenta mais. O recado é explícito: a velha direita quer Bolsonaro contido, para que as muitas facções hoje fracionadas tentem se rearticular em torno de alguém.

Deveriam estar se reorganizando em torno de Tarcísio, porque não há como apostar num líder que não consegue ficar acordado no meio da tarde de uma segunda-feira. Mas Tarcísio fugiu até da missa de domingo em Aparecida, por medo de ser vaiado pelos anjos da basílica.
Tarcísio está mais inseguro, principalmente depois das últimas pesquisas em que Lula se distancia dele. E transmite insegurança aos que esperam declarações firmes à altura de quem governa São Paulo.
Tarcísio também quer Bolsonaro preso, talvez seja que mais queira. Mas a Folha diz em manchete que ele é ambíguo, por não saber se mantém os ataques a Alexandre de Moraes, se corre para o centro, se esconde o boné de Trump e se continua passando pano para as suspeitas de envolvimento do PCC nos crimes do metanol.
Ao tratar Tarcísio como ambíguo, a Folha recorre a um eufemismo, para não dizer que o extremista moderado é um vacilão que teme os Bolsonaros, o centrão, a Faria Lima, os pastores e a Globo e sabe que o crime organizado pode surpreendê-lo com más notícias ainda esse ano. Tarcísio teme mesmo ser goleado por Lula.
Enquanto isso, a semana começa com mais uma informação sobre a crise de soluço de Bolsonaro e o pedido para que ele seja visitado por um médico. A direita é hoje mais uma questão de saúde do que de política.