
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (14) que o apoio de Washington à Argentina está condicionado ao desempenho do partido do presidente Javier Milei nas eleições legislativas de meio de mandato. Segundo ele, se a legenda do atual presidente argentino não vencer, os EUA “não perderão tempo” com o governo. A declaração foi feita durante um encontro entre os dois líderes na Casa Branca.
“Estou com esse homem porque sua filosofia é correta e ele pode vencer”, disse Trump antes de um almoço com Milei e membros de seu gabinete. “Ele pode não ganhar, mas acho que vai ganhar. E se ele ganhar, nós ficaremos com ele. E se ele não ganhar, nós vamos embora”, completou o republicano, em um tom que gerou preocupação no mercado financeiro argentino.
As falas ocorreram poucos dias após o governo estadunidense anunciar um pacote de ajuda econômica à Argentina, estimado em 20 bilhões de dólares. O principal ponto do acordo é um swap cambial entre o Banco Central argentino e o Tesouro dos EUA, trocando dólares por pesos para tentar conter a desvalorização da moeda local.
BREAKING: In a shocking moment, Trump appears to engage in foreign election interference, saying the U.S. will only give Argentina foreign aid if his pal Milei wins. "If he loses, we will not be generous with Argentina."
Extreme corruption.pic.twitter.com/RJ1DjFMgm8
— Really American 🇺🇸 (@ReallyAmerican1) October 14, 2025
Após a declaração de Trump, o índice Merval, principal indicador da bolsa argentina, recuou cerca de 2%. Durante a reunião, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, explicou que o pacote depende da continuidade das reformas econômicas de Milei.
“Voltar às políticas peronistas causaria um repensar”, afirmou. Segundo ele, o acordo não está condicionado ao fim do swap cambial paralelo firmado entre Buenos Aires e Pequim. “A assistência americana à Argentina não depende do fim do swap com a China”, acrescentou.
A Casa Branca descreveu o pacote como uma medida estratégica para reforçar um aliado regional e conter a influência econômica chinesa na América do Sul. No entanto, o gesto gerou críticas nos Estados Unidos. Parlamentares democratas acusaram Trump de priorizar resgates financeiros externos enquanto questões internas permanecem travadas.
Setores agrícolas norte-americanos também demonstraram descontentamento. Agricultores afirmam que a China tem transferido suas compras de soja dos EUA para a Argentina, reduzindo as exportações estadunidenses. O pacote de ajuda, dizem, favoreceria ainda mais os competidores argentinos.
Para Milei, o apoio de Washington representa um fôlego político antes das eleições legislativas. O presidente tenta reverter a perda de força após sua sigla ser derrotada em uma disputa provincial no mês passado. O auxílio norte-americano pode reforçar sua imagem de reformista liberal e atrair eleitores moderados.