
O vereador Marcelo Ustra Soares (PL), sobrinho do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, pediu autorização para entrar armado na Câmara Municipal de Porto Alegre. O requerimento foi apresentado nesta terça (15), durante uma sessão marcada por protestos e confrontos entre a Guarda Civil Metropolitana e manifestantes contrários à privatização parcial do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).
A sessão foi interrompida após a presidente da Câmara, Comandante Nádia (PP), também bolsonarista, acionar o protocolo de segurança e restringir o acesso do público. Horas depois, os trabalhos foram retomados brevemente, mas encerrados em meio a protestos da oposição. O pedido de Ustra para portar arma dentro do Legislativo não chegou a ser analisado pela Mesa Diretora.
No vídeo divulgado nas redes sociais, Marcelo aparece fazendo o requerimento em meio à confusão entre guardas e manifestantes.
“Tenho certeza que vai autorizar os vereadores que têm porte de arma de fogo andar armados pela nossa segurança, porque se abrir os portões sem o protocolo de segurança, nós estaremos inseguros, tá OK? Então gostaria de autorização para nós andarmos armados”, disse o parlamentar.
VEREADOR QUIS ENTRAR ARMADO NA CÂMARA! O Cornonel Ustra teve a coragem de fazer esse pedido OFICIALMENTE à Casa. Imaginem o que aconteceria se a extrema direita estivesse com arma de fogo na repressão de hoje! Isso que é democracia e diálogo para a base do governo Melo!!! Chega! pic.twitter.com/jBaXb9UtDA
— Natasha Ferreira (@eunatashapoa) October 15, 2025
Parlamentares da oposição criticaram a postura do vereador, classificando o ato como uma tentativa de intimidação política. “Imaginem o que aconteceria se a extrema-direita estivesse armada durante a repressão de hoje. Isso é o conceito de democracia e diálogo para a base do governo Melo?”, publicou a vereadora Nathalia Ferreira (PT) em sua conta no X.
Marcelo Ustra Soares foi eleito vereador em 2024 com 2.669 votos, sendo um dos mais votados da capital gaúcha. Sua campanha contou com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar costuma exaltar a memória do tio, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura militar e considerado símbolo da repressão do regime.
Nas redes sociais, Marcelo frequentemente repete o apelido dado por Bolsonaro a Ustra, “o pavor de Dilma Rousseff”, expressão usada pelo ex-presidente ao justificar seu voto pelo impeachment da petista em 2016. Dilma Rousseff foi presa e torturada durante a ditadura em sessões comandadas pelo militar.