
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, se reuniu nesta quinta-feira (16) com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, na Casa Branca, em Washington. O encontro, que durou cerca de 1h15, foi realizado a portas fechadas e teve como foco principal o tarifaço de 50% imposto pelo governo Donald Trump a produtos brasileiros. A reunião é considerada um passo importante na tentativa de distensão entre os dois países, após meses de atritos comerciais e políticos.
De acordo com interlocutores, o encontro “foi ótimo” e ocorreu em dois momentos. Na primeira parte, de aproximadamente 15 minutos, Vieira e Rubio conversaram a sós sobre temas estratégicos. Em seguida, a reunião foi ampliada para incluir assessores e autoridades dos dois lados, durando mais 45 minutos.
Do lado brasileiro, participaram os embaixadores Maurício Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente; Philip Gough, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros; e Joel Sampaio, chefe da Assessoria Especial de Comunicação Social. Representando os Estados Unidos, esteve presente o representante comercial Jamieson Greer, figura central nas negociações tarifárias.
Após o encontro, Mauro Vieira seguiu para a residência oficial da embaixada brasileira em Washington, sem falar com a imprensa. A expectativa é de que ele se pronuncie ainda nesta sexta-feira sobre os resultados da conversa.
Fontes do Itamaraty afirmam que o objetivo do governo brasileiro é negociar a reversão ou redução das tarifas aplicadas por Washington, que afetam setores estratégicos das exportações nacionais. Já os estadunidenses devem exigir contrapartidas diplomáticas e econômicas para flexibilizar as sanções.

A reunião ocorre uma semana depois do telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Donald Trump, no qual os dois líderes discutiram a retomada do diálogo bilateral e a cooperação em temas comerciais.
Entre os pontos que interessam ao governo estadunidense está a posição do Brasil dentro do Brics, especialmente a proposta de substituir o dólar por uma moeda comum para transações internacionais. Trump já sinalizou publicamente que vê essa discussão como uma ameaça à influência econômica dos EUA e tem pressionado aliados na região, como Argentina e Colômbia, a não aderirem à iniciativa.
Segundo fontes ligadas ao Planalto, Lula tem sido aconselhado a adotar uma postura pragmática e evitar que o tema da moeda comum volte ao centro do debate com Washington.
“O foco agora é econômico”, afirmou um assessor direto do presidente. Mesmo assim, o governo brasileiro espera que o encontro entre Vieira e Rubio também abra espaço para discussões políticas, incluindo temas sensíveis como a crise na Venezuela e o papel dos Estados Unidos na América Latina.