USP homenageia estudantes da Poli mortos pela ditadura militar

Atualizado em 16 de outubro de 2025 às 21:34
Os irmãos dos homenageados seguram os diplomas. Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

A Universidade de São Paulo (USP) realizou, em 28 de março, a entrega de diplomas honoríficos a quatro estudantes da Escola Politécnica mortos durante a ditadura militar. Lauriberto José Reyes, Luiz Fogaça Balboni, Olavo Hanssen e Manoel José Nunes Mendes de Abreu foram homenageados em cerimônia no auditório Prof. Francisco Romeu Landi, com a presença de familiares, docentes e alunos.

A homenagem integra o projeto “Diplomação da Resistência”, iniciativa das pró-reitorias de Inclusão e Pertencimento (PRIP) e de Graduação (PRG), criada para reconhecer simbolicamente os 33 estudantes da USP perseguidos, presos ou mortos entre 1964 e 1985. Os diplomas foram entregues aos irmãos das vítimas, em um ato descrito como uma reparação histórica e moral.

O diretor da Poli, Reinaldo Giudici, destacou o caráter simbólico do evento. “Normalmente, a cerimônia de diplomação é uma festa, um momento de celebração. Esta, no entanto, é uma forma de reparar uma injustiça e honrar a memória de estudantes que perderam suas vidas lutando contra a ditadura”, afirmou.

Manifestação contra a ditadura militar durante os anos 1980. Foto: Reprodução

A vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda e o pró-reitor de Graduação, Aluisio Segurado, também participaram da solenidade. Para Maria Arminda, a homenagem “é um reconhecimento às famílias e uma tentativa de reparar o irreparável”. Segurado ressaltou que o ato reafirma os valores da universidade, comprometida com a democracia, a justiça e os direitos humanos.

A cerimônia contou ainda com a presença da pró-reitora Ana Lanna, que defendeu a importância de preservar a memória coletiva. Segundo ela, lembrar as vítimas da ditadura impede que “o horror se estabeleça novamente”. O evento incluiu uma roda de conversa com familiares e antigos colegas dos homenageados e uma apresentação musical de Raphael Arcanjo, sobrinho de Luiz Fogaça Balboni.

Lançado em 2023, o projeto “Diplomação da Resistência” já homenageou estudantes de diferentes unidades da USP, como a FFLCH, a ECA, a Faculdade de Medicina e o Instituto de Psicologia. A iniciativa foi construída a partir das investigações da Comissão da Verdade da USP e simboliza o compromisso institucional da universidade com a preservação da memória e a defesa permanente da democracia.