Bolsonaro e Tarcísio travam definição de chapas da direita ao Senado

Atualizado em 17 de outubro de 2025 às 5:24
Tarcísio em visita a Bolsonaro em sua prisão domiciliar. Foto: Gabriela Biló/Folhapress

A extrema-direita brasileira ainda não definiu suas principais chapas ao Senado para as eleições de 2026 e aguarda a decisão de Jair Bolsonaro (PL) sobre quem representará o campo bolsonarista na disputa presidencial. A indefinição afeta diretamente alianças regionais e candidaturas em pelo menos 13 estados. Com informações da Folha.

O ex-presidente, em prisão domiciliar desde agosto, determinou que o PL indique um nome por estado e que as demais vagas sejam reservadas a partidos aliados. O objetivo é ampliar o poder da direita na Casa, responsável por aprovar impeachments de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), pauta priorizada por Bolsonaro desde o fim do mandato.

Nos bastidores, aliados aguardam um gesto de Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governador de São Paulo mantém postura ambígua: sinaliza lealdade a Bolsonaro, mas reforça planos de disputar a reeleição e não a Presidência. Essa incerteza trava acordos do PL com PSD e PP em estados estratégicos como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.

Entre os nomes cotados, estão Michelle Bolsonaro (PL-DF), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Guilherme Derrite (PP-SP) e Ratinho Jr. (PSD-PR). Em Santa Catarina, Carlos Bolsonaro é cotado para uma das vagas, enquanto Carol de Toni (PL-SC) e Esperidião Amin (PP-SC) disputam o apoio local. O DF também tem Ibaneis Rocha (MDB) tentando montar uma chapa com Michelle e Celina Leão (PP).

Bolsonaro tenta repetir em 2026 o desempenho de 2022, quando seus aliados conquistaram 56% das vagas do Senado. A meta é chegar à maioria das 81 cadeiras, o que daria força para tentar influenciar votações sensíveis, como, por exemplo, a nomeação ou impeachment de ministros do STF. Analistas, porém, consideram o objetivo improvável sem uma candidatura presidencial unificadora.

Nos estados do Sudeste e Centro-Oeste, os extremistas apostam na força eleitoral de Tarcísio e de governadores aliados. Já no Norte e Nordeste, a dificuldade de articulação nacional tem mantido o centrão dividido entre PSD, PL e Republicanos. Sem definição no topo da chapa, o campo bolsonarista segue em impasse a menos de um ano da eleição.