
As tarifas mais altas impostas pelos Estados Unidos devem ter um efeito relativamente pequeno sobre a economia brasileira, de acordo com o relatório Regional Economic Outlook para o Hemisfério Ocidental, divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta sexta-feira (17). Com informações do jornal O Globo.
O documento aponta que o Brasil está em posição menos vulnerável aos impactos comerciais das medidas norte-americanas, em razão da diversificação de seus parceiros e da composição de suas exportações.
O estudo detalha que os Estados Unidos são atualmente o terceiro maior mercado de exportação do Brasil, respondendo por cerca de 12% do total, atrás da China, com aproximadamente 30%, e da União Europeia, com 14%. Apesar de relevantes, as exportações para os EUA são compostas majoritariamente por produtos que têm alta demanda global, o que facilita sua readequação para outros mercados.
Segundo o FMI, os produtos atingidos pelas novas tarifas representam cerca de 36% das exportações brasileiras destinadas aos Estados Unidos. A maioria deles é formada por commodities, como minério de ferro, petróleo e produtos agrícolas, que possuem mercados alternativos amplos e consolidados. Essa característica reduz o risco de perda expressiva de receita com a medida norte-americana.

O relatório observa ainda que a economia brasileira deve registrar um crescimento mais moderado neste ano, com previsão de expansão de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB). A desaceleração é atribuída à manutenção de uma política monetária restritiva, à redução de estímulos fiscais e ao aumento das incertezas no cenário internacional, especialmente com a desaceleração da economia chinesa e a volatilidade dos mercados.
Em relação à inflação, o FMI projeta uma taxa de 4,9% neste ano, percentual acima do intervalo da meta definida pelo Banco Central, mas dentro de um patamar considerado controlado. A instituição avalia que o processo de desinflação no Brasil deve ocorrer de forma gradual, acompanhando o ritmo da política de juros e o comportamento dos preços de alimentos e energia.
Apesar do cenário de menor crescimento e inflação elevada, o FMI ressalta que a economia brasileira tem mostrado força e capacidade de adaptação. O documento destaca o papel das exportações de commodities, o nível robusto de reservas internacionais e a solidez do sistema financeiro como fatores que sustentam a resiliência do país diante de choques externos e medidas protecionistas.