
O Ministério Público Federal abriu uma investigação para apurar se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cometeu violência política de gênero ao ofender mulheres ligadas ao PT em declarações feitas em março deste ano. O caso é conduzido pela Procuradoria da República no Distrito Federal e está sob responsabilidade do procurador regional dos Direitos do Cidadão, Anselmo Henrique Cordeiro Lopes.
A apuração teve início após representação apresentada pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), que classificou as falas de Bolsonaro como discriminatórias e ofensivas. O órgão cita declarações feitas em março, quando Bolsonaro, durante conversa com apoiadores em Angra dos Reis (RJ), afirmou que “não tem mulher bonita petista, só feia” e completou: “Às vezes, acontece quando estou no aeroporto, alguém me xinga. Mulher, né? Olho pra ela e penso: ‘Nossa, mãe. Incomível’”.
Segundo o CNDH, as falas reforçam estereótipos e configuram violência simbólica e política, por desqualificarem mulheres em razão de suas posições partidárias. A presidente do conselho, Charlene Borges, afirmou que o caso representa um ataque direto à participação feminina na esfera pública. “A violência política de gênero é uma das formas mais perversas de silenciamento das mulheres na vida pública”, afirmou.
Além da apuração civil, o CNDH solicitou que o Ministério Público avalie medidas para coibir manifestações semelhantes em ambientes políticos e institucionais.
O órgão também comunicou o Ministério das Mulheres sobre o caso. O ex-presidente segue cumprindo prisão domiciliar em Brasília por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.