
Relatórios de inteligência dos Estados Unidos e da ONU indicam que as ações militares de Donald Trump contra a Venezuela não se baseiam em dados concretos sobre o tráfico de drogas, contrariando o argumento oficial do presidente americano, conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
Documentos oficiais mostram que as principais rotas do narcotráfico passam pelo Oceano Pacífico — e não pelo Caribe, onde milhares de soldados americanos foram mobilizados.
De acordo com o último informe da DEA (Agência Antidrogas dos EUA), cerca de 84% da cocaína apreendida pelo país tem origem na Colômbia. O relatório sequer cita a Venezuela como um ponto relevante do tráfico internacional.
Dados da própria administração Trump confirmam que 74% das drogas que chegam aos Estados Unidos saem da América do Sul pelo Pacífico, e não pelo Caribe.
A ONU também reforça essa avaliação. Segundo seu relatório anual sobre drogas e crime, publicado em Viena, as principais rotas de transporte de cocaína passam por portos do Peru, da Colômbia, do Equador e da América Central — todos voltados ao Pacífico.
O documento aponta que a via ganhou força a partir de 2019, quando os preços cobrados por Maduro tornaram a Venezuela menos atrativa aos cartéis.
Operações americanas confirmam foco no Pacífico
Mesmo o governo Trump reconheceu o protagonismo da rota do Pacífico. Em outubro, o Departamento de Segurança Interna elogiou os resultados da Operação Pacific Viper, responsável por interceptar mais de 45 toneladas de cocaína desde agosto. A ação ocorreu inteiramente no Pacífico latino-americano, longe do Caribe.
No mesmo período, a Guarda Costeira dos EUA realizou a maior apreensão de drogas de sua história: o navio Hamilton transportou 34 toneladas de entorpecentes — avaliadas em US$ 473 milhões — até o porto de Everglades, na Flórida. As cargas incluíam cerca de 27 toneladas de cocaína e aproximadamente 6,5 toneladas de maconha.
Objetivo real seria desestabilizar o regime de Maduro
Diplomatas e analistas de inteligência avaliam que o bloqueio naval e as operações no Caribe têm pouco a ver com o combate ao narcotráfico. O verdadeiro objetivo, segundo essas fontes, é enfraquecer o governo de Nicolás Maduro e provocar divisões dentro das Forças Armadas venezuelanas — base de sustentação do regime bolivariano.
A estratégia incluiria não apenas interceptações marítimas, mas também possíveis ataques aéreos em território venezuelano. A meta, segundo diplomatas, é minar o apoio militar ao regime, enfraquecer a base e acelerar a queda de Maduro.
Q: Why did you authorize the CIA to go into Venezuela?
TRUMP: They have emptied their prisons into the US. Prisoners from mental institutions, insane asylums … pic.twitter.com/QuaDfkNAHK
— Aaron Rupar (@atrupar) October 15, 2025