Israel confirmou neste sábado (18) que recebeu, por meio da Cruz Vermelha, o corpo de mais um refém morto em Gaza. Este é o 10º corpo devolvido pelo Hamas desde o início do acordo de cessar-fogo mediado por países como Egito, Catar e Turquia. Ao todo, 28 reféns israelenses mortos permanecem sob posse do grupo palestino. O impasse sobre a devolução dos corpos tem colocado o acordo em risco.
O Hamas afirma que enfrenta “dificuldades técnicas” para localizar os corpos, muitos deles soterrados sob os escombros em áreas bombardeadas. Segundo o grupo, são necessárias máquinas pesadas para remover destroços, o que tem atrasado o processo. Israel, por outro lado, acusa o Hamas de estar atrasando propositalmente as entregas e advertiu que “o tempo do grupo está se esgotando”.
A devolução do corpo mais recente foi mediada pela Cruz Vermelha na madrugada deste sábado. Uma fonte de segurança israelense disse que a transferência ocorreu por volta de 0h30 (horário local). Na sexta-feira (17), o braço armado do Hamas havia informado que havia recuperado um novo corpo e que o enviaria às autoridades israelenses ainda na noite anterior.
O atraso reacendeu o temor de rompimento do cessar-fogo — considerado o primeiro passo do plano de 20 pontos proposto pelo presidente Donald Trump para encerrar a guerra entre Israel e Hamas. O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, expressou preocupação em coletiva de imprensa em Ancara. “Há receio de que Israel use as dificuldades do Hamas como desculpa para romper o cessar-fogo”, afirmou.
Mesmo com a redução dos combates desde o início do acordo, a violência ainda persiste. Na sexta-feira, o Serviço de Defesa Civil de Gaza informou que 11 pessoas morreram — entre elas sete crianças e três mulheres — após tropas israelenses abrirem fogo contra um veículo no sudeste da Cidade de Gaza. O Exército israelense não comentou o episódio, enquanto o Hamas acusou Israel de violar o cessar-fogo.
Os 20 reféns israelenses que permaneciam vivos foram libertados no início da semana, conforme previsto no acordo. Ainda não há data definida para a reabertura da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, outro ponto central das negociações. A indefinição sobre os próximos passos do plano mantém em suspenso a estabilidade frágil do cessar-fogo e a perspectiva de reconstrução de Gaza.