Israel retoma cessar-fogo em Gaza após ataques que deixaram 44 mortos

Atualizado em 19 de outubro de 2025 às 17:25
Bombardeio israelense em Gaza

O Exército de Israel anunciou neste domingo (19) que voltou a aplicar o cessar-fogo na Faixa de Gaza após lançar dezenas de bombardeios contra alvos do grupo Hamas, que deixaram pelo menos 44 mortos. A trégua havia sido suspensa temporariamente após ataques aéreos israelenses em Rafah, no sul do território, sob a justificativa de que militantes palestinos dispararam mísseis antitanque contra tropas israelenses, matando dois soldados. O Hamas negou as acusações.

“De acordo com a diretriz do nível político, e após uma série de ataques significativos em resposta às violações do Hamas, as Forças Armadas começaram a aplicar de novo o cessar-fogo”, afirmou o Exército israelense em nota. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu havia ordenado horas antes que as tropas realizassem “ações enérgicas” contra alvos terroristas em Gaza. Segundo seu gabinete, a medida respondeu a “violações claras” do armistício.

O grupo Hamas, por sua vez, declarou que continua “comprometido com o acordo” e que não houve confrontos em Rafah. Em comunicado, o braço armado do grupo, as Brigadas al-Qassam, afirmou que “todas as operações estão suspensas” e que eventuais incidentes foram causados por “zonas sob controle israelense”. O Hamas também disse ter localizado o corpo de mais um refém israelense, que será devolvido “quando as condições permitirem”.

A trégua em vigor desde 10 de outubro foi mediada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com apoio de países árabes. O acordo previa a libertação de reféns e a devolução de corpos de vítimas da guerra. Até agora, 20 reféns foram libertados vivos e 150 corpos de palestinos foram entregues por Israel. O governo israelense, no entanto, mantém fechada a passagem de Rafah, no Egito, e condiciona sua reabertura ao cumprimento total do acordo por parte do Hamas.

Agências humanitárias pediram a reabertura imediata da fronteira para permitir a entrada de alimentos, medicamentos e combustível. O Hamas alertou que o bloqueio atrasa o resgate de corpos sob os escombros e agrava a crise humanitária. Segundo as Nações Unidas, 50 milhões de toneladas de destroços ainda dificultam os trabalhos de busca em Gaza, que enfrenta escassez de equipamentos e risco de colapso sanitário.

Desde o início da guerra, em outubro de 2023, mais de 68 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas. Em Israel, o ataque inicial do grupo causou 1.221 mortes. O conflito, que completou dois anos, segue em estado frágil de cessar-fogo, com ambos os lados trocando acusações de violar o acordo.