
Ciro Gomes oficializou sua volta ao PSDB, partido que deixou nos anos 1990, em meio a um movimento de reconstrução da legenda. O ex-ministro e ex-governador do Ceará deve disputar o governo estadual em 2026, enquanto o deputado federal Aécio Neves, seu novo correligionário, é cotado para concorrer à Presidência da República. A filiação de Ciro será formalizada em evento tucano na próxima quarta-feira (22), em Fortaleza.
A reaproximação chama atenção pelo histórico de ataques entre os dois. Em 2017, quando Aécio enfrentava processos no Supremo Tribunal Federal, Ciro o chamou de “cadáver político” e o acusou de ser “uma das maiores decepções” da vida pública. Na mesma época, o ex-ministro disse que o PSDB “segurava a alça do caixão do governo Michel Temer” e criticou a defesa dos tucanos ao parlamentar mineiro.
Agora, ambos convivem sob o mesmo teto partidário. Aécio preside o Instituto Teotônio Vilela (ITV), braço de formação do PSDB, e é considerado o principal nome da legenda para disputar o Palácio do Planalto. A presença de Ciro pode fortalecer o partido no Nordeste, região onde o ex-governador mantém expressiva base eleitoral.
A filiação ocorre em um momento de fragilidade do PSDB, que tenta se reerguer após anos de esvaziamento. Desde 2014, quando Aécio perdeu a eleição presidencial para Dilma Rousseff, a legenda viu governadores e quadros históricos migrarem para outras siglas, como o PSD de Gilberto Kassab. O partido hoje busca renovar sua presença nacional, especialmente fora do eixo Sudeste-Sul.

Ciro deixou o PDT, legenda pela qual concorreu quatro vezes à Presidência, após divergências internas e a aproximação do partido com o PT do governador cearense Elmano de Freitas. Ao anunciar o retorno ao PSDB, disse buscar “um projeto nacional moderado” e “uma política com coerência e energia”.
Para analistas, a união improvável entre Ciro e Aécio simboliza um pacto de sobrevivência mútua. O PSDB ganha um nome competitivo no Nordeste e Ciro tenta reconstruir sua carreira política após sucessivas derrotas eleitorais. O desafio de ambos será reviver a relevância tucana em um cenário dominado por PT, PL e PSD.