O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar ainda nesta segunda-feira (20) duas mudanças estratégicas no governo: a indicação do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF), e a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência da República. As definições devem ocorrer antes de Lula embarcar para a Indonésia e a Malásia, nesta terça-feira (21), em viagem oficial à Ásia.
A entrada de Boulos marca uma reconfiguração política com foco nas eleições de 2026. O deputado assumirá o cargo atualmente ocupado por Márcio Macêdo, que já foi avisado pessoalmente por Lula de sua saída e deverá ser realocado em outra função no governo ou no Partido dos Trabalhadores, onde já exerceu o cargo de tesoureiro. O presidente acertou os detalhes da mudança durante o fim de semana e deve oficializar o anúncio nas próximas horas.
Com assento direto no Palácio do Planalto, a Secretaria-Geral é uma das pastas mais ligadas à articulação social e à gestão política da Presidência.
A missão de Boulos será aproximar o governo dos movimentos populares e redes de base, retomando o diálogo com organizações que têm manifestado insatisfação com o ritmo das políticas sociais. Fontes do Planalto afirmam que Lula quer “oxigenar” a relação com os movimentos, reforçando o vínculo histórico entre o PT e a militância de esquerda.
A mudança não faz parte da reforma ministerial prevista para abril de 2026, quando pelo menos dez ministros deverão deixar seus cargos para disputar as próximas eleições.
Segundo aliados do presidente, a nomeação de Boulos é uma movimentação isolada e estratégica, com foco direto na reeleição de Lula e na ampliação do espaço do governo no campo progressista. “É uma mexida que mira 2026”, comentou um integrante do núcleo político do Planalto.
Em paralelo, Lula deve confirmar Jorge Messias como substituto do ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). A escolha, que vinha sendo costurada há semanas, foi adiada após Barroso anunciar que anteciparia sua aposentadoria e apresentaria seu último voto, a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Lula chegou a se reunir com o ministro no Palácio da Alvorada na sexta-feira (17) para discutir a sucessão.
Messias, que ganhou projeção como advogado-geral da União, consolidou-se como o nome mais forte para o Supremo entre os auxiliares de Lula, superando outros cotados, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).