A Consolidated Burger Holdings (CBH) encerrou o último ano com prejuízo de US$ 15 milhões e acumula dívidas que superam US$ 35 milhões. Ao comunicar a medida, a empresa apontou mudanças no consumo, como a busca crescente por refeições mais saudáveis, além da inflação no país e do aumento de custo com energia e aluguel.
A CBH é uma das maiores operadoras da marca Burger King, controlada pela Restaurant Brands International (RBI), que tem a 3G Capital, de Lemann, como principal acionista. A aquisição do Burger King ocorreu em 2010 e o investimento foi de pouco mais de US$ 1 bilhão.
Dentro do mundo dos hambúrgueres, Lemann avançou para os condimentos, como ketchup e mostarda. Em 2013, a 3G e a Berkshire Hathaway, liderada pelo megainvestidor Warren Buffett, o sexto homem mais rico do mundo segundo a Forbes, se uniram para fechar o capital da Heinz.

Dois anos depois, ocorreu a fusão com Kraft Foods. O negócio, no entanto, azedou. Em 2019, quase numa só tacada, a empresa anunciou cortes de dividendos, rebaixou o valor das suas marcas em US$ 15 bilhões e informou ao mercado que suas práticas contábeis estavam sob investigação da Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA).
As ações da empresa despencaram. A crise foi justificada, à época, apontando, também, mudanças no comportamento dos clientes. A 3G, então, saiu de fininho da operação. A empresa chegou a ter três assentos no conselho de administração da Kraft Heinz. Em 2021, Lemann saiu. No ano seguinte, foi seguido por Alexandre Behring, também sócio e fundador da 3G. Em 2022, a gestora já não tinha representantes no órgão da companhia. No fim de 2023, o trio de brasileiros saiu do negócio.
No início de 2023 estourou, no Brasil, o escândalo das Lojas Americanas, quando a empresa, que também pertence a Lemann e seus sócios, anunciou ao mercado inconsistências contábeis que somavam R$ 25 bilhões.
O escândalo, no entanto, ficou “na conta” de diretores da rede. Como mostrou a coluna, os nomes de Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles não formam sequer citados na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça, em abril deste ano, sobre a fraude.
Foram denunciados 13 ex-executivos das Americanas. A lista de crimes atribuídos a integrantes da cúpula da empresa inclui associação criminosa. A tipificação penal é a mesma de facções, como PCC e Comando Vermelho.
Lemann, que já foi o homem mais rico do Brasil por vários anos, viu sua fortuna encolher no último ano — de R$ 91,8 para R$ 88 bilhões, segundo a Forbes. Ele ocupa o terceiro lugar do ranking divulgado em outubro.