Foz do Amazonas pode tornar Brasil um dos 4 maiores produtores de petróleo

Atualizado em 21 de outubro de 2025 às 17:57
Foz do Amazonas. Foto: Divulgação

A autorização do Ibama para que a Petrobras perfure o primeiro poço exploratório de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas pode reposicionar o Brasil entre os principais produtores de energia do planeta.

Segundo analistas, se o potencial da Margem Equatorial for confirmado, o país poderá ultrapassar 5 milhões de barris por dia até 2030, superando Canadá e China e alcançando a quarta posição mundial, atrás apenas de Estados Unidos, Arábia Saudita e Rússia.

Atualmente, o Brasil produz cerca de 3,9 milhões de barris diários e ocupa o sexto lugar no ranking global, conforme dados da Trading Economics. O diretor da A&M Infra, Rivaldo Moreira Neto, avalia que a decisão do Ibama representa um passo decisivo para o desenvolvimento de novas fronteiras petrolíferas.

“A Foz do Amazonas tem potencial semelhante ao da Guiana e do Suriname, que já produzem entre um e dois milhões de barris por dia. Isso pode compensar a queda prevista na produção do pré-sal nesta década e manter o Brasil entre os grandes exportadores”, afirmou.

Para Jean Paul Prates, ex-presidente da Petrobras e atual líder do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (CERNE), a nova fronteira pode consolidar o país entre os cinco maiores produtores globais.

Ele ressalta que o interesse de empresas estrangeiras em blocos da região, como Chevron, CNPC e ExxonMobil, demonstra a confiança internacional na geologia da área. “Mesmo que ainda não haja resultados concretos, o início das operações estimula estudos, perfurações e uma nova onda de investimentos”, disse.

Petrobras utiliza sonda na Bacia da Foz do Amazonas, localizada na Margem Equatorial. Foto: Divulgação

Prates também destacou o desafio ambiental que o governo brasileiro enfrentará ao defender o projeto durante conferências internacionais como a COP. “O Brasil precisa mostrar que é possível produzir petróleo e, ao mesmo tempo, liderar a transição energética. Temos credenciais sólidas: biocombustíveis, matriz limpa e redução do desmatamento”, afirmou.

A Bacia da Foz do Amazonas, localizada na Margem Equatorial, já atraiu forte interesse do setor. No leilão mais recente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), 19 blocos foram arrematados, 10 deles pela Petrobras em parceria com a ExxonMobil, e nove pela Chevron e CNPC.

Os contratos ainda aguardam assinatura, mas o movimento já é visto como estratégico para a expansão da produção nacional nas próximas décadas. Atualmente, há nove concessões em vigor na região, seis delas sob controle da Petrobras.

Além do bloco FZA-M-59, que recebeu licença para perfuração, a estatal possui outras áreas vizinhas em fase de estudo. Empresas como Prio (antiga Petro Rio) e Enauta também operam blocos próximos, enquanto 47 novas áreas em águas profundas estão disponíveis em oferta permanente pela ANP.

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, a aprovação do Ibama reforça a confiança do setor. “A primeira licença traz credibilidade e encoraja outras companhias a avançarem em investimentos e estudos sísmicos. Mas é preciso cautela: encontrar petróleo não basta, é necessário comprovar volume comercialmente viável”, alertou.

Segundo Ardenghy, a exploração da Foz do Amazonas pode desempenhar papel semelhante ao do pré-sal na década passada, ajudando o país a repor reservas e sustentar o crescimento da produção. “A Bacia de Campos hoje produz metade do que já produziu. A Margem Equatorial pode ser o novo diferencial do Brasil, garantindo protagonismo energético e geração de divisas na próxima década”, concluiu.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.