Petro denuncia tentativa de golpe articulada por Trump e aliados nos EUA

Atualizado em 21 de outubro de 2025 às 18:44
Gustavo Petro e Donald Trump. Foto: Divulgação

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou nesta terça-feira (21) o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de planejar um golpe de Estado contra seu governo. A declaração foi publicada nas redes sociais após uma série de ataques verbais do republicano, que havia chamado o líder colombiano de “líder do tráfico de drogas” e prometido cortar todos os subsídios enviados de Washington a Bogotá.

A troca de acusações intensifica a crise diplomática entre os dois países, que já enfrentam atritos desde o início da nova operação militar americana no Caribe. Petro afirmou que Trump estaria estimulando ações violentas no país com o apoio do senador estadunidense Bernie Moreno.

“O presidente Trump não gosta de estar fora de controle. Ele quer um golpe de Estado contra mim e incentiva a violência contra a Colômbia”, escreveu o colombiano. A fala provocou forte repercussão em Bogotá e levou parlamentares aliados do governo a cobrar uma resposta formal de Washington.

As declarações ocorreram horas depois de o secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, confirmar um ataque militar contra uma embarcação colombiana no Caribe. Segundo o Pentágono, o navio teria ligação com o Exército de Libertação Nacional (ELN), considerado organização terrorista pelos EUA, e estaria transportando drogas ilícitas.

Foi o sétimo ataque desde o início da operação na região, que oficialmente tem como objetivo combater o tráfico internacional. O governo colombiano contestou a versão e afirmou que o barco estava à deriva por causa de uma falha no motor.

Durante a ação militar, três pessoas morreram, entre elas o pescador Alejandro Carranza, identificado por familiares como morador da costa norte do país e sem qualquer envolvimento com o narcotráfico. Petro acusou as forças norte-americanas de “assassinato e violação da soberania nacional”.

O presidente colombiano também voltou a criticar a política estadunidense de combate às drogas, chamando-a de “fracasso histórico”. Segundo ele, a chamada “guerra às drogas”, iniciada nos anos 1970, resultou em milhares de mortes na América Latina sem reduzir o consumo de entorpecentes nos EUA ou na Europa.

“Mais de mil latino-americanos foram assassinados nessa estratégia que destruiu políticas e governos inteiros, sem resolver o problema das drogas”, escreveu Petro.

A escalada de tensão entre Washington e Bogotá acontece em meio à mobilização militar americana no Caribe, próxima à Venezuela, o que levanta preocupações sobre possíveis intervenções na região. Petro afirmou que as ações dos Estados Unidos fazem parte de um projeto mais amplo de controle político sobre países latino-americanos.

O governo colombiano, segundo fontes da chancelaria, pretende levar o caso à Organização dos Estados Americanos (OEA) e ao Conselho de Segurança da ONU, alegando violação do direito internacional. Já em Washington, assessores próximos de Trump minimizaram as falas de Petro, dizendo que o presidente colombiano tenta “politizar uma operação antinarcóticos legítima”.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.