De olho em 2026, Ciro Nogueira cogita retorno à base de Lula

Atualizado em 22 de outubro de 2025 às 8:01
Ciro Nogueira em entrevista ao Metrópoles. Foto: reprodução

Nos bastidores da política piauiense, um movimento estratégico começa a ganhar força: o senador Ciro Nogueira estaria cogitando uma reaproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso suas tentativas de viabilizar uma candidatura como vice-presidente em uma chapa da extrema-direita nas eleições de 2026 não se concretizem.

A informação, revelada pelo “Portal 180graus”, tem circulado entre prefeitos e lideranças do interior, que apontam uma mudança de postura de Nogueira, tradicionalmente aliado a setores da direita. A reaproximação com Lula, caso aconteça, refletiria a pragmática política do senador, que busca preservar sua relevância no cenário político nacional.

A movimentação de Ciro Nogueira não é inédita. Em 2016, ele foi um dos principais articuladores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas, meses depois, surpreendeu ao elogiar Lula e buscar um diálogo com o campo petista visando sua eleição em 2018.

Agora, com a popularidade crescente do presidente, tanto no Brasil quanto no Piauí, estado com forte apoio ao petista, Nogueira estaria avaliando que se manter distante de Lula poderia prejudicar sua própria reeleição, além de aprofundar seu isolamento dentro da base do Progressistas (PP), partido por ele comandado.

A leitura entre seus aliados é clara: não se alinhar com Lula neste momento de alta aprovação poderia custar caro politicamente. Prefeitos do PP no Piauí já estariam demonstrando simpatia por Lula e seu possível candidato a governador, Rafael Fonteles, o que coloca Nogueira em uma posição desconfortável.

No entanto, o presidente do PP tem um perfil pragmático e, diante da reconfiguração do tabuleiro eleitoral, pode estar adotando uma estratégia de sobrevivência, mirando no campo onde a popularidade de Lula permanece inabalável.

Enquanto Ciro Nogueira ensaia esse movimento de aproximação, uma outra situação envolvendo o Partido Progressistas também vem ganhando destaque. O ministro do Esporte, André Fufuca, foi afastado do PP após se recusar a cumprir uma ordem da sigla para deixar o cargo no governo Lula.

André Fufuca e Lula. Foto: reprodução

A pressão sobre Fufuca aumentou quando ele anunciou que permaneceria no cargo e continuaria apoiando Lula nas próximas eleições. O PP, então, decidiu afastar Fufuca de todas as decisões partidárias e da vice-presidência nacional do partido, além de intervir no diretório do Maranhão, estado comandado por Fufuca.

O afastamento de Fufuca, porém, pode ser interpretado de forma estratégica por Ciro Nogueira. Aliados do senador avaliam que, ao manter Fufuca próximo de Lula, Nogueira pode garantir uma importante interlocução dentro do governo, caso Lula se reeleja em 2026. Essa postura pragmática visa, acima de tudo, preservar a influência do PP, seja sob um governo de direita ou de esquerda.

Para Ciro, manter Fufuca no governo Lula pode ser a melhor opção enquanto o cenário eleitoral ainda está indefinido, principalmente com relação à sua candidatura nas próximas eleições presidenciais.

Fufuca, por sua vez, tem demonstrado resistência em abandonar o cargo, o que contraria as orientações do PP. O ministro, ao lado de Lula, reafirmou seu apoio ao petista nas próximas eleições, desafiando a direção de seu partido.

Agora, o líder do partido e seus aliados veem a atitude de Fufuca como uma possível jogada para garantir influência no governo, independentemente de sua postura frente ao bolsonarismo. O presidente do PP, então, continuaria a manter sua posição de neutralidade, tentando agradar a todos os lados enquanto se prepara para as eleições de 2026.

Ciro Nogueira está ciente de que, em 2026, precisará disputar um novo pleito, já que seu mandato de senador chegará ao fim. Seu objetivo principal seria se tornar candidato a vice-presidente em uma chapa encabeçada por Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.