Presidente interino do Peru coloca o país em estado de emergência por 30 dias

Atualizado em 22 de outubro de 2025 às 11:20
José Jeri, presidente do Peru. Foto: reprodução

O governo interino do Peru declarou, na última terça-feira (21), estado de emergência na capital Lima e no porto vizinho de Callao, como resposta ao crescente aumento da violência e extorsões atribuídas ao crime organizado. A medida, que entrou em vigor nesta quarta-feira (22) e se estende por 30 dias, foi anunciada pelo presidente José Jerí em uma breve mensagem transmitida pela televisão estatal. A medida visa enfrentar a onda de criminalidade que tem afetado a segurança nas duas regiões, que juntas abrigam mais de 10 milhões de pessoas.

Sob o estado de emergência, o governo tem a autoridade de convocar as Forças Armadas para patrulhar as ruas e colaborar com a polícia na manutenção da ordem pública.

Além disso, o governo poderá restringir ou suspender certas liberdades públicas, como o direito de reunião e a inviolabilidade do domicílio. A medida é a primeira ação de grande envergadura tomada pelo governo interino de Jerí desde sua posse, há quase duas semanas.

Em sua declaração, Jerí afirmou que a criminalidade no Peru cresceu de forma descontrolada nos últimos anos, afetando diretamente milhares de famílias e prejudicando o progresso do país.

“Mas isso acabou, hoje começamos a mudar a história na luta contra a insegurança no Peru”, disse o presidente, enfatizando a necessidade urgente de restaurar a segurança e a confiança da população.

O estado de emergência não é a primeira medida drástica tomada no país em resposta à violência. Entre março e julho deste ano, Lima e Callao já haviam estado parcialmente sob estado de emergência após o assassinato do cantor de cumbia Paul Flores, executado por assassinos contratados. A violência e as extorsões se tornaram uma das principais preocupações da população, com manifestações em massa em Lima exigindo uma ação mais enérgica do governo.

A decisão de Jerí de declarar o estado de emergência ocorre em um contexto de crescente insegurança e protestos generalizados. Na semana passada, o governo enfrentou fortes confrontos em Lima durante manifestações de jovens contra o aumento da violência e o governo recém-empossado.

As manifestações, que culminaram em confrontos violentos perto da sede do Congresso, resultaram em uma morte e mais de 100 feridos. Os protestos foram uma resposta à crescente insegurança e à destituição da ex-presidente Dina Boluarte pelo Congresso, que foi marcada pela violência e pela falta de confiança na gestão política.

O governo de Jerí está tomando medidas drásticas para conter a onda de violência, mas também enfrentará desafios significativos, já que o Peru tem lidado com um aumento alarmante de extorsões que afetam civis e pequenos negócios.

Segundo dados oficiais, as denúncias de extorsão no país aumentaram de 2.396 casos em 2023 para 15.336 casos em 2024, um crescimento de 540%. Lima lidera as estatísticas de extorsões, refletindo a gravidade da situação e o impacto direto nas comunidades locais.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.