VÍDEO – “Ninguém mais vai pedir esmola para manter floresta em pé”, diz Lula

Atualizado em 23 de outubro de 2025 às 12:40
O presidente Lula durante encerramento do Evento Empresarial Brasil-Indonésia. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A menos de um mês da COP 30, o presidente Lula afirmou nesta quinta (23), na Indonésia, que países tropicais deixarão de “pedir esmola” para preservar suas florestas. O petista apresentou detalhes do Fundo Florestas para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), um mecanismo financeiro internacional que será oficialmente lançado na conferência do clima, em novembro, em Belém.

“O que é importante é que eles tenham certeza que, se esse fundo funcionar, ninguém vai mais ficar pedindo dinheiro, como se tivesse pedindo esmola, para poder manter a nossa floresta em pé e para evitar que o planeta tenha um aquecimento acima de um grau e meio”, disse Lula, em discurso em Jacarta. O presidente defendeu o fundo como alternativa concreta para compensar países que protegem seus biomas.

O Brasil já anunciou um aporte inicial de US$ 1 bilhão (R$ 5,39 bilhões) ao fundo, revelado por Lula em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU. O mecanismo pretende captar US$ 25 bilhões de governos estrangeiros e alavancar mais US$ 100 bilhões (R$ 539 bilhões) do setor privado.

A expectativa é gerar até US$ 4 bilhões (R$ 21,5 bilhões) anuais, a serem distribuídos entre cerca de 70 países em desenvolvimento com florestas tropicais e subtropicais, que somam 1 bilhão de hectares.

Lula destacou que o objetivo é garantir uma fonte permanente de recursos para o desenvolvimento sustentável, sem depender de doações esporádicas. “Não estamos pedindo caridade. Estamos pedindo investimento”, prosseguiu. Ele também afirmou que o Brasil quer liderar o debate sobre economia verde na COP 30.

O presidente aproveitou o discurso para propor o uso de moedas locais em transações comerciais entre países do Sul global. Ele citou o Pix, do Brasil, e o Kris, da Indonésia, como exemplos de sistemas modernos e acessíveis que “facilitarão o comércio em moedas locais entre países do bloco”, em referência às negociações de um acordo de comércio preferencial entre o Mercosul e a Indonésia.

Lula também criticou práticas unilaterais no comércio internacional. “Como a Indonésia, o Brasil se opõe a medidas unilaterais e coercitivas que distorcem o comércio e limitam a integração econômica”, afirmou. A fala antecede seu encontro com o presidente americano Donald Trump, previsto para o domingo.

Mais cedo, em discurso também em Jacarta, Lula confirmou que será candidato em 2026. “Eu vou disputar um quarto mandato no Brasil. Esse meu mandato só termina em 2026, no final do ano. Mas estou preparado para disputar outras eleições”, declarou. O presidente cumpre agenda oficial na Ásia e participará, nos próximos dias, da cúpula da Asean, na Malásia.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.