
Helicópteros de elite do exército dos Estados Unidos, conhecidos como “Night Stalkers”, foram vistos sobrevoando o Caribe, próximo à costa da Venezuela, nas últimas semanas. A movimentação militar, revelada pelo jornal ‘The Washington Post’, intensificou a tensão entre Washington e Caracas em meio ao agravamento das relações entre o presidente estadunidense Donald Trump e o líder venezuelano Nicolás Maduro.
Fundada em 1981, a unidade atua sob o lema extraoficial “a morte espera no escuro”. Seus integrantes estiveram em algumas das missões mais arriscadas e relevantes da história militar recente dos Estados Unidos, com atuação nos combates contra o Estado Islâmico no Oriente Médio e em operações na Somália. Foi também esse grupo que transportou os fuzileiros na Operação Lança de Netuno, no Paquistão, que levou à morte do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.
De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, as aeronaves faziam parte de um treinamento na região, mas poderiam ser empregadas em operações contra o narcotráfico no mar do Caribe ou até dentro da Venezuela, caso houvesse autorização direta de Trump.
O jornal destacou que vídeos publicados em redes sociais mostram os helicópteros sobrevoando a área costeira de Trinidad e Tobago, a apenas 145 quilômetros do litoral venezuelano. A presença dos “Night Stalkers” ocorre meses após Trump ordenar o envio de navios de guerra para o Mar do Caribe, em agosto.
Segundo analistas consultados pelo Washington Post, uma dessas embarcações pode estar servindo de base de apoio para as operações aéreas. Atualmente, seis navios de guerra dos EUA foram confirmados em águas latino-americanas, incluindo três destróieres equipados com mísseis Tomahawk e o avançado sistema de defesa Aegis.
Essas embarcações transportam mais de 300 marinheiros cada e têm capacidade de desembarque rápido de tropas. Fontes militares afirmam que a frota representa uma demonstração de força e um alerta estratégico ao regime de Maduro, considerado por Washington um aliado de grupos terroristas e de organizações criminosas.

Trump declarou recentemente que os Estados Unidos “estão em guerra contra os cartéis de drogas” e confirmou ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela. Segundo o governo americano, o objetivo seria desmantelar redes de tráfico que atuam sob proteção de setores do regime chavista.
O Departamento de Defesa confirmou ainda ataques a nove embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico desde setembro, com saldo de 38 mortos. Washington oferece uma recompensa de US$ 50 milhões (cerca de R$ 272 milhões) por informações que levem à captura de Nicolás Maduro, acusado de tráfico internacional de drogas.
O Departamento de Justiça o incluiu entre os líderes de uma “rede criminosa transnacional” ligada a cartéis da Colômbia. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela apresentou uma queixa formal ao Conselho de Segurança da ONU, acusando os Estados Unidos de promover uma “operação de mudança de regime” com o objetivo de se apropriar das reservas petrolíferas do país.
O governo Maduro classificou as ações da CIA e da frota naval americana como “uma agressão sem precedentes à soberania nacional”. Nas últimas semanas, Caracas afirmou ter mobilizado mais de cinco mil mísseis de defesa aérea de fabricação russa em pontos estratégicos do território.