
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro avaliam com preocupação a reabertura da investigação contra o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por participação na trama golpista de 2022. A decisão, tomada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de sugestão do ministro Alexandre de Moraes, levanta temores de que o processo atrapalhe as articulações políticas para as eleições de 2026.
Segundo a Folha de S.Paulo, nos bastidores, parlamentares bolsonaristas dizem ver a medida como uma tentativa de “enquadrar” Valdemar, considerado o principal articulador político do PL. A avaliação é de que a investigação pode paralisar conversas estratégicas com Bolsonaro, que já está isolado por cumprir prisão domiciliar e estar proibido de manter contato com outros réus e investigados.
A nova fase da investigação revive uma situação semelhante à de 2023, quando Valdemar também foi investigado e ficou impedido de se encontrar com o ex-presidente por quase um ano. Na época, o dirigente chegou a ser indiciado pela Polícia Federal, mas acabou não incluído na denúncia final apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O episódio já havia provocado ruídos no PL e atrapalhado alianças regionais durante as eleições municipais. Bolsonaro e Valdemar mantêm uma relação marcada por atritos e reconciliações. O ex-presidente chegou a ameaçar deixar o partido no ano passado, irritado com divergências internas e a falta de diálogo direto com o dirigente.
Agora, com Bolsonaro em reclusão e Valdemar novamente sob investigação, aliados afirmam que a interlocução política entre os dois tende a ficar ainda mais comprometida.

O presidente do PL tem tentado compensar a ausência de Bolsonaro intensificando viagens e encontros com lideranças estaduais, na tentativa de manter a coesão partidária. Mesmo assim, interlocutores afirmam que há um clima de incerteza sobre o comando da legenda e sobre o papel de Valdemar nas articulações nacionais.
O temor é que a instabilidade jurídica atinja diretamente as estratégias para 2026, incluindo a definição de candidaturas ao Senado e aos governos estaduais.
A reabertura do inquérito decorre da condenação de Carlos Cesar Rocha, ex-presidente do Instituto Voto Legal, que produziu um relatório falso a pedido do PL para questionar a lisura das urnas eletrônicas em 2022. O documento embasou uma ação do partido no TSE pedindo a anulação de parte dos votos, rejeitada com multa de R$ 23 milhões por litigância de má-fé.