
O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, convidou o ex-presidente Michel Temer a se filiar ao partido e disputar a Presidência da República nas eleições de 2026. O movimento, revelado por interlocutores tucanos, busca reposicionar o PSDB no cenário nacional e ampliar o leque de alianças do campo de centro-direita.
Temer, no entanto, é presidente de honra do MDB, legenda à qual está filiado desde 1981, e teria recebido o convite com cautela. Segundo fontes próximas, ele afirmou a dirigentes do MDB que aceitaria concorrer apenas se houvesse um consenso entre partidos como PL, União Brasil, PP, PSDB, MDB e Republicanos em torno de seu nome.
O cenário, contudo, é considerado improvável. Os partidos de centro e direita têm demonstrado preferência por uma candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, visto como o principal nome para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve buscar um quarto mandato.
Dentro do MDB, o convite do PSDB foi interpretado como uma tentativa de “interferir em um projeto nacional”. A legenda vive um momento de forte divisão: parte da bancada apoia o governo Lula, enquanto outro grupo defende a retomada de uma postura oposicionista.
O partido atualmente ocupa três ministérios, Planejamento, Transportes e Cidades, sob o comando de Simone Tebet, Renan Filho e Jader Filho, respectivamente.

Diante da falta de consenso interno, líderes emedebistas avaliam adiar qualquer decisão sobre alianças presidenciais para o último trimestre de 2025. O próprio Temer, segundo aliados, estaria disposto a participar de articulações, mas sem romper com o MDB nem se engajar em disputas partidárias.
No PSDB, o convite a Temer faz parte de uma estratégia mais ampla de reconstrução nacional. A sigla, enfraquecida desde 2018, tenta reorganizar suas bases e recuperar protagonismo político. O primeiro passo foi a aproximação com lideranças regionais e a incorporação de novos quadros.
Marconi Perillo, atual presidente tucano, também prepara sua candidatura ao governo de Goiás em 2026. Ele deve enfrentar o vice-governador Daniel Vilela, do MDB, o que adiciona um ingrediente eleitoral à tensão entre os dois partidos.
Internamente, Perillo tem defendido um PSDB mais competitivo e com capacidade de diálogo entre centro e direita. O movimento tucano ocorre no mesmo momento em que o ex-ministro Ciro Gomes anunciou sua saída do PDT e iniciou tratativas com o PSDB para disputar o governo do Ceará.