
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (24), durante entrevista coletiva em Jacarta, na Indonésia, que espera um encontro “tranquilo” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previsto para o próximo domingo (26), na Malásia. Segundo Lula, a expectativa é que a reunião resulte em “bom entendimento” entre os dois países, após semanas de tensão comercial por causa das tarifas impostas pelo governo estadunidense.
Questionado pelo repórter Américo Martins, da CNN Brasil, sobre o que o país poderia oferecer em troca de uma trégua na guerra tarifária, o presidente negou que o país tenha de “oferecer” algo aos Estados Unidos, afirmando que o jornalista estaria distorcendo suas falas.
“Eu não disse que vou oferecer isso. Você que disse. Eu não disse que vou oferecer. Eu disse que na conversa que nós temos não existe veto a nenhum assunto”, respondeu Lula.
O jornalista insistiu na pergunta, pedindo que o presidente especificasse quais áreas o Brasil poderia apresentar como pauta de negociação. Lula respondeu que a conversa deve abranger temas amplos e que o objetivo é manter o diálogo aberto.
“Podemos discutir de Gaza a Ucrânia, a Rússia, Venezuela, sabe? Há materiais críticos, sabe? Minerais, há terras raras. Podemos discutir qualquer assunto. Qualquer assunto nós podemos discutir. O que eu disse é que não tem veto e vamos depender do que ele vai propor”, declarou.
Veja o momento da fala de Lula:
— VIDRAÇA TAMBÉM É GENTE, GENTE… (@VidrsGente) October 24, 2025
O petista afirmou ainda que o principal tema da reunião será a sobretaxa imposta pelo governo estadunidense a produtos brasileiros. Trump anunciou em julho tarifas de até 40% sobre exportações do Brasil, alegando motivos políticos e de “emergência nacional”. Lula rebateu a justificativa e disse que o argumento usado pelos EUA “não tem sustentação”.
“Essa reunião tem um assunto típico, que é a taxação que foi feita ao Brasil, que nós não concordamos com ela porque ela não é verídica. A tese pela qual se taxou o Brasil não tem sustentação em nenhuma verdade”, afirmou.
O presidente acrescentou que, ao contrário do que sugerem os motivos apresentados por Washington, os Estados Unidos têm sido beneficiados no comércio bilateral.
“Os Estados Unidos têm superávit de 410 bilhões de dólares em 15 anos com o Brasil. Então, não tem sustentação a tese de que não há direitos humanos no Brasil ou de que o país persegue o ex-presidente. Quem comete crime no Brasil é julgado e, se for culpado, é punido”, concluiu.
A reunião entre Lula e Trump está prevista para ocorrer à tarde, em Kuala Lumpur, durante a 47ª Cúpula da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático).
Será o primeiro encontro entre os dois desde a retomada da guerra comercial. A comitiva brasileira contará com ministros das áreas econômica e de relações exteriores, que devem acompanhar as discussões sobre tarifas, meio ambiente e comércio bilateral.