
Durante entrevista coletiva na Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou não precisar de declaração de guerra para “matar quem traz drogas”. Lula disse que a fala revela “falta de compreensão da política internacional” e defendeu que o combate ao tráfico deve ocorrer dentro da lei.
“Primeiro, você não tá aí para matar as pessoas, você tá para prender as pessoas”, afirmou o presidente brasileiro. Ele destacou que o Brasil mantém operações constantes da Polícia Federal e criou uma base na Amazônia para combater o narcotráfico na fronteira, em parceria com a Interpol e países vizinhos.
Lula explicou que a política de segurança deve se concentrar em investigar, prender e julgar os envolvidos no tráfico, com respeito ao devido processo legal. “Você tem que prender as pessoas, julgar as pessoas, saber se a pessoa estava ou não traficando. E aí você pune as pessoas de acordo com a lei. É o mínimo que se espera que faça um chefe de Estado.”
O presidente também comentou o papel da liderança política. “Quando nós somos chefe de Estado, temos duas coisas para fazer: escolher se queremos ser respeitados e amados ou temidos e odiados. Depende muito das palavras que você falar, depende muito do jeito que você se comportar. E é assim que eu procedo”, declarou.
– Nessa penúltima pergunta, a jornalista da Record vai mais a fundo no assunto sobre os narcotraficantes, os cartéis e a declaração de Trump. Então, o Lula começa a se justificar, buscando explicações para as ações dos cartéis, e critica com veemência a fala de Trump, que disse… pic.twitter.com/uXLODjytdo
— Clarke de Souza (@clarkedesouzabr) October 24, 2025
Lula reforçou que o combate às drogas precisa começar internamente, tratando usuários como parte essencial da equação. “Possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também”, disse.
O presidente acrescentou que o enfrentamento ao tráfico deve envolver políticas integradas entre países, e não ações isoladas. “É muito melhor os Estados Unidos se dispor a conversar com a política dos outros países, com o Ministério da Justiça de cada país, pra gente fazer uma coisa conjunta”, afirmou.
Lula criticou ainda iniciativas unilaterais de países que decidem invadir territórios estrangeiros sob o pretexto de combater o tráfico. “Se a moda pega e cada um acha que pode invadir o território do outro para fazer o que quer, onde é que vai surgir a respeitabilidade da soberania dos países?”, questionou.
Segundo o presidente, o tema deve ser discutido na reunião com Trump, prevista para ocorrer na Malásia. “Pretendo discutir esses assuntos com o presidente Trump, se ele colocar na mesa”, concluiu Lula.
Perguntado há pouco, na Indonésia, sobre as ações dos EUA contra cartéis, Lula disse:
“Possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes que são, sabe, vítimas dos usuários também.” pic.twitter.com/LumJ85chmu
— Sam Pancher (@SamPancher) October 24, 2025