Operação do FBI na NBA é vingança de Trump, diz jornalista

Atualizado em 24 de outubro de 2025 às 8:51
Donald Trump com bola de basquete. Foto: reprodução

O comentarista da ESPN Stephen A. Smith afirmou, em um desabafo no programa “First Take”, que a grande operação do FBI contra apostas ilegais na NBA seria parte de um “plano de vingança” do presidente Donald Trump — e teria servido também para desviar a atenção dos protestos que vêm ocorrendo contra ele nos Estados Unidos.

Na quinta-feira (23), mais de 30 pessoas foram presas, entre elas o astro do Miami Heat Terry Rozier, o técnico do Portland Trail Blazers Chauncey Billups e vários suspeitos de ligação com o crime organizado. A investigação apura esquemas de apostas internas e manipulação de jogos de pôquer, que, segundo as autoridades, causaram prejuízos de dezenas de milhões de dólares.

Logo após a coletiva do diretor do FBI, Kash Patel, Smith sugeriu que a ação tinha relação com Trump, que considera a liga como uma instituição “esquerdista”:“Trump tem uma longa história ligada ao mundo dos cassinos e das apostas. Quando as pessoas pensam em festas, jogo e esse tipo de ambiente, ele sempre esteve envolvido com isso”, afirmou.

Técnico Chauncey Billups e o jogador Terry Rozier. Foto: Divulgação

O comentarista foi além e disse que o presidente poderia mirar agora a liga feminina de basquete (WNBA) para continuar desviando o foco das manifestações.

“Não se surpreendam se a WNBA for a próxima. Há protestos por todo o país, e ele quer mudar o assunto. Esse homem está vindo aí”, disse Smith.

Em resposta, o diretor do FBI rebateu com ironia em entrevista à Fox News:

“Sou eu quem decide quais prisões fazer. Essa talvez seja a coisa mais absurda que já ouvi na história moderna — e eu passo boa parte do tempo em Washington”, declarou Patel.

Smith voltou a insistir na teoria, dizendo que o pronunciamento do FBI não foi casual:

“Não é coincidência. É uma mensagem e um aviso de que mais virá.”

Trump, que foi indiciado quatro vezes antes de seu segundo mandato, nega as acusações e diz ser vítima de perseguição política. Dois processos foram arquivados, um terminou sem punição e outro, sobre interferência eleitoral na Geórgia, ainda está parado na Justiça.

Kamala Harris, a candidata Democrata derrotada por Trump em 2024, com atletas da NBA. Divulgação

A NBA é frequentemente vista como uma liga de perfil contraditório: apolítica em sua estrutura institucional, mas identificada com pautas associadas à esquerda nos Estados Unidos.

A organização evita posicionamentos partidários, porém adota discursos e ações voltados à inclusão, à igualdade racial e à diversidade, especialmente desde os protestos de 2020. Esse alinhamento com causas sociais e progressistas faz com que parte do público conservador a rotule como “de esquerda”, enquanto seus dirigentes insistem que a liga apenas reflete valores de respeito e responsabilidade social, sem envolvimento político direto.