
O advogado-geral da União, Jorge Messias, tem mantido um tom de tranquilidade em meio às especulações sobre sua possível indicação à vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) após a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso. Segundo Mônica Bergamo, aliados dizem que o ministro evita demonstrações de ansiedade e costuma dizer que “tudo tem seu tempo”.
Fontes próximas ao Palácio do Planalto afirmam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua inclinado a enviar o nome de Messias para apreciação do Senado, mesmo diante de resistências políticas.
Na segunda-feira (20), Lula se reuniu com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que transmitiu a preferência da Casa pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), atual presidente do Congresso. Segundo interlocutores, Alcolumbre teria alertado o presidente de que Messias enfrentaria dificuldades de aprovação caso fosse indicado.
Apesar disso, pessoas próximas a Lula afirmam que ele ainda vê Messias como o nome ideal, tanto pela lealdade demonstrada na chefia da Advocacia-Geral da União (AGU) quanto por seu perfil técnico e discreto. O presidente também tem levado em conta a origem religiosa do ministro, o que opor ser evangélico reforçaria uma estratégia política de aproximação com o segmento, considerado fundamental às vésperas do ano eleitoral.

Amigos descrevem o advogado-geral como alguém sereno, guiado pela fé e avesso à pressão. Segundo eles, Messias costuma dizer que cada etapa acontece “no tempo certo” e que “o jogo só acaba quando termina”.
Mesmo diante das especulações, ele não iniciou qualquer preparação prática para a sabatina no Senado, caso seu nome seja confirmado. “Ele não está estudando para o Senado nem alterou sua rotina na AGU”, afirmou um auxiliar.
Messias também tem orientado os colegas a manterem o ritmo normal de trabalho na Advocacia-Geral da União. Internamente, ele evita comentar sobre a sucessão no STF e tem focado na defesa jurídica do governo, especialmente em temas econômicos e ambientais.
A eventual nomeação de Jorge Messias o colocaria como o terceiro ministro evangélico entre os 172 que já passaram pela Suprema Corte em 134 anos de história. O nome escolhido por Lula precisa passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e ser aprovado pela maioria dos senadores antes da nomeação formal.