As lições da histórica vitória geopolítica do Brasil. Por Miguel do Rosario

Atualizado em 26 de outubro de 2025 às 17:17
Trump e Lula em encontro na Malásia. Foto: reprodução

É irônico que o nosso traidor-mor da pátria, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, autoexilado nos Estados Unidos e articulando sanções contra o Brasil, tenha apelado para a “leitura corporal” para tentar desqualificar o encontro entre Lula e Trump, ocorrido na Malásia hoje, 26 de outubro de 2025.

O Bananinha, desprovido totalmente de argumentos, apelou para uma questão esotérica que só ele viu.

Mas a “linguagem corporal” e outros  símbolos são, de fato, relevantes. As imagens mostraram, com clareza, Lula dominando completamente o encontro.

Primeiro, repare que ele ocupava a posição à direita do vídeo. Isso é um detalhe determinante, pois o olho humano olha primeiramente para a direita, e o Trump costuma sentar à direita no Salão Oval para humilhar chefes de Estado. Dessa vez, foi o Lula que assumiu essa posição, como se estivesse chefiando o evento.

Além disso, a distância entre eles, como simbologia de poder, sempre foi central. E a linguagem corporal de Lula denotava um relaxamento e controle que contrastavam com a postura de Trump.

Enquanto Lula permanecia recostado, com as pernas cruzadas e expressão tranquila, o Trump se inclinava para frente, tenso e na ponta da cadeira. Lula adotava a posição como se fosse o dono da casa. Isso é, sem dúvida, significativo.

Por fim, quem determinou o ritmo do evento foi o próprio Lula, desarmando a última armadilha da coletiva prévia. A jornalista da Globo começou a perguntar sobre o Bolsonaro para o Trump, e o Lula encerrou a coletiva de forma delicada, sugerindo que ela fosse feita depois do encontro. O Trump concordou, brincando ainda que as perguntas foram chatas.

Essa vitória simbólica reflete algo mais profundo: a consolidação do poder material do Brasil no mundo, sustentado por sua base produtiva. Entre as razões do poder geopolítico do Brasil está a importância estratégica do agronegócio. E sobre isso, o campo progressista e os intelectuais especializados em desenvolvimento devem se atualizar também.

O agronegócio brasileiro, hoje em dia, é um setor de relativa complexidade. Seria leviano chamá-lo de atividade de baixa elaboração. É, na verdade, um setor de sofisticação crescente em função da necessidade de competir internacionalmente, de oferecer alta performance, de preservar o meio ambiente e de manter o rendimento.

Você tem que ter a composição química da terra, saber lidar com a irrigação, com o tempo, com o mercado. Tudo isso é uma atividade difícil. A questão de estoques, o tempo que você pode esperar para o produto não perecer, tudo isso exige conhecimento e tecnologia.

E, sobretudo, com o aumento muito grande da população mundial e com a especialização da economia global, a questão tecnológica é fundamental, mas sem alimento não existe vida. O mundo até vive com escassez de chips, mas sem alimento, morre todo mundo. É muito mais confortável para os países terem uma garantia de segurança alimentar, de abastecimento no Brasil, para eles poderem se dedicar a outras coisas.

No caso da China, com seus 1,4 bilhão de habitantes, e da Indonésia, com mais de 280 milhões de pessoas, isso é muito claro. Países populosos da Ásia e da África precisam de alimentos. A China está, hoje em dia, totalmente integrada ao Brasil de uma maneira que a gente poderia dizer existencial.

O Brasil garante a sobrevivência, a segurança alimentar da China, e não só da China, mas da Ásia e do mundo inteiro. Não se trata de qualquer alimento. São produtos estratégicos para a nutrição básica da espécie humana. O Brasil garante a proteína global. A soja é um produto vegetal eminentemente proteico.

Então o Brasil é o grande exportador de carne e soja. Além de outros produtos, como a celulose, que faz parte da infraestrutura global, e o minério de ferro, que é a estrutura produtiva. O Brasil exporta, hoje em dia, também grandes quantidades de petróleo.

O Brasil se destaca como grande exportador de petróleo porque sua matriz energética interna é relativamente limpa, o que permite que o óleo extraído seja exportado em grandes volumes, sem a necessidade de consumo interno massivo.

Ao combinar energia limpa, abundância alimentar e estabilidade institucional, o Brasil se consolida como uma potência indispensável à ordem mundial.