
As urnas para a renovação do Congresso argentino foram fechadas às 18h deste domingo (26), marcando o fim de uma votação considerada decisiva para o futuro político do presidente Javier Milei. A apuração dos votos começou logo em seguida, e os primeiros resultados devem ser divulgados por volta das 21h, segundo a imprensa local.
De acordo com o jornal ‘Clarín’, cerca de 66% dos eleitores compareceram às urnas, o que representa uma abstenção de 34%. O índice é um dos mais baixos desde o retorno da democracia, em 1983, e reflete o desânimo da população diante da crise econômica e do clima de tensão política.
O pleito renovará 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 das 72 vagas do Senado, correspondentes a um terço da casa. As seções eleitorais abriram às 8h, no mesmo horário de Brasília, e receberam cerca de 36 milhões de eleitores distribuídos pelos 24 distritos do país. O voto é obrigatório entre 18 e 70 anos e facultativo a partir dos 16.
Durante a campanha, Milei afirmou que um bom resultado seria conquistar ao menos um terço das cadeiras no Congresso, número suficiente para sustentar suas políticas de ajuste fiscal. Seu partido, La Libertad Avanza (LLA), atualmente conta com 37 deputados e seis senadores e deve ampliar a bancada, ainda que dependa de alianças para enfrentar a oposição peronista.

O presidente chega a essa eleição pressionado por um cenário de forte desgaste. Embora tenha reduzido a inflação anual de 211% para cerca de 31%, o custo foi alto: aumento do desemprego, queda do consumo e retração da indústria. As medidas de austeridade incluíram cortes em aposentadorias e nos orçamentos da saúde e da educação, o que provocou uma onda de protestos reprimidos com violência pelas forças de segurança.
“O plano econômico não está funcionando para as pessoas nem para as empresas”, avaliou o senador opositor Martín Lousteau, do Ciudadanos Unidos, após votar em Buenos Aires. Ele defendeu um Congresso “menos polarizado e com mais capacidade de diálogo” para enfrentar os desafios econômicos do país.
Nos bastidores, Milei enfrenta uma série de problemas políticos. Após uma derrota em setembro na província de Buenos Aires, a mais populosa do país, o peso argentino se desvalorizou 8% em meio a uma corrida cambial.
Além disso, o presidente é alvo de uma investigação judicial por suposta criptofraude, enquanto sua irmã e principal aliada, Karina Milei, é citada em denúncias de corrupção. Outro golpe para o governo foi a retirada de um candidato-chave do LLA após suspeitas de ligações com o narcotráfico.