
O primeiro encontro formal entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizado neste domingo (26) em Kuala Lumpur, foi marcado por tensão, empurrões e bom humor. A reunião, que durou cerca de 45 minutos, aconteceu durante a Cúpula da Asean, na Malásia, e juntou as equipes diplomáticas dos dois países para discutir o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil. Com informações do Globo.
Antes mesmo de começar, o clima esquentou na porta da sala de reuniões. Assessores brasileiros e agentes da Casa Branca se desentenderam após o serviço secreto americano tentar dar prioridade a jornalistas dos EUA. O impasse provocou empurrões e bate-boca. A equipe do Planalto reagiu, exigindo igualdade no acesso da imprensa brasileira. O tumulto só terminou quando os dois presidentes já estavam sentados frente a frente.
Lula abriu a conversa com o gesto de interromper a coletiva improvisada que se formava no início do encontro. “Nós temos pouco tempo, daqui a pouco o tempo se perdeu porque ficamos conversando com vocês”, disse o petista, encerrando a presença da imprensa. Trump respondeu com uma gargalhada e emendou: “Gosto desse cara”. Em seguida, ironizou os jornalistas: “São perguntas chatas”.
Após a saída da imprensa, o tom mudou. Segundo o chanceler Mauro Vieira, o clima entre os dois foi “descontraído e até alegre”. Lula declarou que não havia temas proibidos na pauta e reforçou a importância de reconstruir o diálogo bilateral. Trump, por sua vez, se mostrou interessado na trajetória política do brasileiro e quis saber quanto tempo ele ficou preso durante a Operação Lava Jato.
De acordo com integrantes da comitiva, Trump chamou Lula de “vítima de perseguição” e demonstrou admiração pela sua volta ao poder. O republicano comentou que poucos líderes no mundo conseguiram retornar à Presidência após enfrentar um processo judicial e uma prisão. “Gosto de pessoas que vencem”, teria dito o norte-americano, segundo relatos de bastidores.
Durante o encontro, Lula entregou uma pasta vermelha com o brasão da Presidência da República, contendo documentos sobre o impacto do tarifaço. A intenção era reforçar o posicionamento brasileiro nas negociações comerciais com Washington. Trump prometeu avaliar o material e pediu a seus secretários que se reunissem ainda na noite de domingo para tratar do assunto.
No fim da conversa, ambos concordaram em iniciar as tratativas formais na manhã de segunda-feira (27), às 8h no horário local. A meta do Brasil é obter a suspensão temporária do tarifaço enquanto as negociações avançam. Segundo fontes do Itamaraty, o simples fato de o diálogo ter sido reaberto já foi considerado uma vitória política.
Entre risadas, empurrões e diplomacia, o “final feliz” do encontro foi a sensação de que Lula e Trump encontraram uma sintonia improvável. Um negociador brasileiro resumiu o clima em tom bem-humorado: “Se sair o acordo, o brinde com champanhe é por minha conta”.