Brasil planeja enviar comitiva aos EUA para negociar tarifaço na próxima semana

Atualizado em 27 de outubro de 2025 às 9:46
Donald Trump, Lula e suas equipes durante reunião na Ásia. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O governo brasileiro pretende enviar uma comitiva a Washington já na próxima semana para iniciar as negociações com os Estados Unidos sobre as tarifas impostas aos produtos brasileiros, conforme informações do Globo. A missão deve ser composta pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Geraldo Alckmin (Indústria, Comércio e vice-presidente da República).

Segundo fontes do Planalto, a decisão foi tomada após a reunião de uma hora realizada nesta segunda-feira (27) na Malásia — ainda domingo à noite no Brasil —, quando negociadores dos dois países começaram a definir os próximos passos após o encontro entre o presidente Lula (PT) e o presidente americano Donald Trump.

Durante a conversa com Trump, Lula destacou que o objetivo imediato do Brasil é suspender a sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados aos EUA. Segundo assessores, a medida é vista como um “gesto de boa vontade” esperado dos americanos, após o próprio Trump demonstrar otimismo com a possibilidade de um acordo.

Detalhes da negociação

Na reunião desta segunda-feira participaram, do lado brasileiro, o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, e o assessor internacional da Presidência, Audo Faleiro — os mesmos que acompanharam Lula no encontro com Trump.

Do lado americano, estiveram presentes Scott Bessent, secretário do Tesouro, e Jamieson Greer, representante do Comércio. O secretário de Estado, Marco Rubio, não compareceu.

Apesar do clima de otimismo, ainda não há um cronograma definido. Nos próximos dias, a equipe de Trump acompanhará o presidente na cúpula da Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (APEC), em Seul, onde ele se reunirá com o presidente da China, Xi Jinping — prioridade da Casa Branca neste momento.

Expectativas brasileiras

Mesmo com o calendário internacional apertado, fontes do governo afirmam que, caso seja confirmada, a reunião com os EUA será tratada como prioridade. Além da suspensão das tarifas, o Brasil também deve pedir o cancelamento de sanções contra autoridades brasileiras, incluindo a que atingiu o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O governo acredita que as negociações podem avançar rapidamente, já que os dois países estavam em diálogo sobre a tarifa de 10% anteriormente aplicada pelos EUA. Segundo um dos negociadores brasileiros, isso “encurta o caminho para o acordo”, pois as “opções já estavam mapeadas”.