O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tem afirmado a interlocutores que está convicto de que o acordo entre Lula (PT) e Donald Trump sobre as tarifas impostas aos produtos brasileiros vai avançar, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo.
A avaliação do dirigente vai na contramão do discurso do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que minimizou o impacto político e econômico do encontro entre os dois presidentes.
Segundo aliados, Valdemar tem repetido que “não tem dúvida” de que Lula conseguirá reduzir ou até reverter completamente a tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras. Em conversas reservadas, o líder do PL disse acreditar que “Trump não quer brigar com o Brasil” e que o republicano demonstra abertura para costurar um entendimento direto com o governo brasileiro.
Valdemar também reconheceu a habilidade política de Lula nas negociações internacionais e afirmou a integrantes do partido que o impasse não está entre os governos, mas no Judiciário brasileiro, evitando citar o nome do ministro do STF Alexandre de Moraes.
“Trump não vai abandonar Bolsonaro”
Apesar do otimismo em relação às negociações comerciais, Valdemar sustenta que Trump continuará defendendo Jair Bolsonaro (PL) e não deixará de pressionar por uma anistia ao ex-presidente, condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Esse é o único ponto em que o presidente do PL converge com a ala bolsonarista liderada por Eduardo.
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, mantém a leitura de que a aproximação entre Lula e Trump não trará efeitos concretos para o Brasil.
Reunião entre Lula e Trump
Lula e Donald Trump se reuniram pela primeira vez no domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, durante as agendas paralelas da Cúpula da Asean, que reúne economias do Sudeste Asiático. O encontro durou cerca de uma hora e foi considerado positivo por ambos os lados.
Durante a conversa, Lula propôs a suspensão da tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros, e Trump indicou disposição para revisar a medida, caso as negociações avancem nas próximas semanas.
No entorno de Bolsonaro, a imagem dos dois presidentes lado a lado foi vista como uma derrota política, apesar das tentativas públicas de aliados de minimizar o episódio. Nos bastidores, o sentimento predominante foi de constrangimento.