Bolsa bate recorde e dólar cai após encontro entre Lula e Trump

Atualizado em 27 de outubro de 2025 às 13:33
Imagem ilustrativa. Foto: Divulgação

O dólar iniciou a semana em queda nesta segunda-feira (27), em meio ao otimismo dos investidores com os desdobramentos do encontro entre Lula e Donald Trump, realizado no domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia. O diálogo entre os dois líderes abriu espaço para uma retomada diplomática e sinalizou um possível acordo sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.

Lula afirmou acreditar que o impasse tarifário será resolvido nos próximos dias. “Ele garantiu que vai ter acordo”, disse o presidente. A declaração animou o mercado financeiro, que reagiu positivamente à perspectiva de redução de tensões comerciais. Às 13h10, o dólar caía 0,33%, cotado a R$ 5,374, enquanto o Ibovespa subia 0,53%, atingindo 146.958 pontos e chegando a bater recorde intradiário de 147.976.

A reunião entre Lula e Trump durou cerca de 50 minutos e foi avaliada como “extremamente positiva” pelo chanceler Mauro Vieira. Segundo ele, o republicano determinou que sua equipe inicie imediatamente um processo de negociação bilateral. O pedido partiu do petista e foi aceito pelo republicano, que se mostrou aberto às demandas brasileiras.

Durante o encontro, Lula argumentou que o aumento das tarifas estadunidenses não deveria se aplicar ao Brasil, já que o país mantém superávit comercial com os EUA. Embora o governo brasileiro não espere um anúncio imediato, a expectativa é de avanços concretos nas próximas semanas.

Lula e Trump durante reunião na Malásia. Foto: Divulgação

Para o economista Ricardo Trevisan Gallo, da Gravus Capital, o diálogo foi um passo essencial para reduzir incertezas e restaurar previsibilidade econômica. Ele avalia que, se houver suspensão temporária das tarifas e um plano claro de retirada gradual, o risco para os investidores tende a cair, ampliando as oportunidades de investimento.

Leonel Mattos, da StoneX, compartilha da visão otimista e afirma que o mercado vê o encontro como um divisor de águas. “Isso tem gerado bastante otimismo entre os investidores e está favorecendo os ativos brasileiros”, explicou.

Trump indicou que os Estados Unidos e a China estão próximos de resolver o impasse sobre as exportações de terras raras, restritas por Pequim no início do mês. “Tenho muito respeito pelo presidente Xi e acho que chegaremos a um acordo”, declarou. Além das negociações comerciais, investidores aguardam a decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, sobre a taxa de juros.

O mercado projeta novo corte de 0,25 ponto percentual, o que tende a estimular fluxos de capital para economias emergentes. Com juros mais baixos nos EUA e a Selic elevada no Brasil, a diferença de rendimentos favorece o real por meio do chamado “carry trade”, em que investidores aplicam recursos em moedas de países com taxas maiores.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.