
O governo brasileiro espera que, ainda em novembro, os Estados Unidos anunciem a redução das tarifas impostas a produtos do Brasil. A previsão foi reforçada após a reunião desta segunda-feira (27) entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio.
O encontro, segundo o Itamaraty, foi o primeiro passo concreto após o diálogo entre Lula e Donald Trump, ocorrido no domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia. Embora o clima tenha sido considerado positivo, o Palácio do Planalto avalia com cautela outro tema sensível: a revogação da Lei Magnitsky aplicada contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
A medida ainda não foi sinalizada pela Casa Branca, e o assunto deve voltar à pauta em uma nova rodada de conversas, prevista para dezembro, em Washington. O principal foco da reunião entre Rubio e Vieira foi o tarifaço decretado por Trump em agosto, que elevou em até 50% as taxas sobre produtos brasileiros como carne, café e aço.
A ofensiva norte-americana contra a Venezuela, embora citada, ficou em segundo plano nesta etapa das negociações. O chanceler brasileiro destacou que o encontro representou “um avanço concreto no reestabelecimento do diálogo comercial entre as duas maiores economias do continente”.

Antes de seguir para Kuala Lumpur, Lula esteve na Indonésia, onde reafirmou que a conversa com Trump teria como prioridade as tarifas e as sanções impostas a autoridades brasileiras.
O presidente participou de visita de Estado em Jacarta a convite do líder local, Prabowo Subianto, e aproveitou para reforçar a parceria do Brasil com países do sudeste asiático. Durante entrevista, Lula afirmou que o encontro com Trump seria amplo.
“Podemos discutir de Gaza à Ucrânia, da Rússia à Venezuela, de minerais a terras raras. Podemos discutir qualquer assunto”, disse. Ele também declarou que o Brasil se opõe a uma possível incursão militar dos EUA na Venezuela, por considerar que isso poderia gerar instabilidade na América do Sul e fortalecer o crime organizado.
Lula destacou ainda que não espera a assinatura de um acordo imediato, mas confia na disposição das equipes técnicas para avançar. “Se eu não acreditasse que fosse possível um acordo, eu não participaria da reunião. O acordo será feito pelos negociadores”, afirmou o presidente, sinalizando otimismo com o processo.
O diálogo entre Lula e Trump começou a ser articulado após o breve encontro entre ambos em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU. Desde então, os dois governos têm mantido contato diplomático para reduzir atritos e buscar um entendimento sobre temas comerciais.