Chefes do CV comandam torturas e execuções por grupos de mensagem no Rio

Atualizado em 29 de outubro de 2025 às 7:59
O criminoso Gadernal transmite por videochamada a tortura a um homem arrastado pelas ruas da comunidade. Foto: Reprodução

Chefes do Comando Vermelho (CV) usavam grupos em aplicativos de mensagem para comandar a rotina criminosa nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, conforme informações do G1.

Segundo as investigações, as conversas tratavam desde ordens de tortura contra moradores até a escala de seguranças armados responsáveis por proteger pontos de venda de drogas e o líder da facção, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca ou Urso.

As mensagens foram descobertas pela polícia durante as investigações que motivaram a megaoperação desta terça-feira (28), considerada a mais letal da história do estado, com 64 mortos.

Ordens de tortura e execuções

De acordo com a Polícia Civil, Juan Breno Ramos, o BMW, era o responsável por executar as punições ordenadas pela facção. As sanções incluíam agressões, torturas e homicídios contra moradores acusados de desrespeitar regras impostas pelos criminosos.

Entre as práticas reveladas, há relatos de que mulheres eram colocadas em galões com gelo como forma de castigo por brigas em bailes funk. Outras mensagens mostram sessões de espancamento e execuções sumárias.

Mulher é colocada em galão com gelo como forma de castigo após briga em baile funk. Foto: Reprodução

Em uma das conversas interceptadas, BMW aparece arrastando por sete minutos um homem identificado como Aldenir Martins do Monte Junior, algemado e amordaçado. Durante a tortura, a vítima foi obrigada a delatar membros de uma facção rival, enquanto BMW fazia piadas e deboches.

Em determinado momento, o criminoso chegou a realizar uma chamada de vídeo com Carlos Costa Neves, o Gadernal, para exibir o ato. Aldenir está desaparecido, e a polícia acredita que ele tenha sido executado.

Escalas de seguranças e controle de territórios

As mensagens também revelam como o grupo organizava a segurança pessoal de Doca e a vigilância dos pontos de tráfico. Em uma das trocas, o chefe do CV é informado de que, no dia seguinte, seis homens armados fariam sua escolta.

Doca, BMW e Gadernal já haviam sido denunciados pelo Ministério Público do Rio por envolvimento no assassinato de três médicos na Barra da Tijuca, em 2023.

Com 269 anotações criminais e 26 mandados de prisão em aberto, Doca é apontado como o principal responsável pela expansão do Comando Vermelho em diversas regiões do Rio.

Durante a operação “Contenção”, que mobilizou 2.500 agentes, o traficante conseguiu escapar do cerco policial e segue foragido.

Edgar Alves de Andrade, o Doca, chefão do Comando Vermelho. Foto: Reprodução