Lula ficou “estarrecido” com mortes e “surpreso” com operação no Rio, diz Lewandowski

Atualizado em 29 de outubro de 2025 às 13:52
O presidente Lula. Foto: Divulgação

O presidente Lula reagiu com indignação à operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou mais de 100 mortos. Segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ele ficou “estarrecido” com o número de vítimas e “surpreso” ao saber que a ação foi realizada sem o conhecimento prévio do governo federal. Com informações do Uol.

“Presidente ficou estarrecido com número de ocorrências fatais”, declarou Lewandowski após reunião no Palácio da Alvorada. “Ele se mostrou surpreso que fosse desencadeada sem o conhecimento do governo federal, sem nenhuma possibilidade de o governo participar”, completou.

O encontro contou com a presença de pelo menos oito ministros e foi convocado ainda na manhã desta quarta-feira (29). A operação, realizada nos Complexos do Alemão e da Penha, terminou com dezenas de mortes e causou forte repercussão política.

O Planalto avalia que o governador Cláudio Castro agiu de forma “imprudente e eleitoreira” ao deflagrar a ação sem comunicar Brasília. A postura do governo fluminense gerou desconforto dentro do Executivo, especialmente após Castro afirmar publicamente que teve pedidos de apoio negados.

Ainda nesta quarta, Lewandowski, a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, solicitaram uma reunião emergencial com o governador. O encontro, que deve ocorrer no Rio de Janeiro, pretende esclarecer as circunstâncias da operação e discutir a escalada da violência.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Foto: Divulgação

De acordo com Lewandowski, a hipótese de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) não foi discutida. O ministro explicou que apenas o governador pode solicitar a medida, que transfere o controle da segurança pública às Forças Armadas. “O governador precisa estabelecer a incapacidade das forças locais de enfrentar essa violência”, afirmou.

Enquanto as forças de segurança contabilizam os mortos e feridos, relatos de moradores apontam para uma situação de caos nas comunidades. Mais de 70 corpos teriam sido levados à Praça São Lucas, no Complexo da Penha, entre a noite de terça e a manhã desta quarta. O número total de vítimas ultrapassa 100, segundo estimativas preliminares.

Lula foi informado sobre a operação ainda durante um voo e, ao desembarcar em Brasília, recebeu atualizações do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. O presidente convocou uma reunião de emergência logo após o pouso, com a presença de ministros das pastas mais diretamente ligadas à segurança e aos direitos humanos.

Em nota, o Ministério da Justiça afirmou ter atendido todos os pedidos de apoio enviados pelo governo fluminense e lembrou que repassou recursos para ações de segurança no estado. Já o Ministério da Defesa informou que também atendeu às solicitações de Cláudio Castro, inclusive quanto ao uso de equipamentos e apoio logístico das Forças Armadas.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.