
A Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal a investigação da Operação Rejeito após localizar uma anotação manuscrita que menciona o nome do senador Rodrigo Pacheco. O material foi encontrado no celular do delegado federal Rodrigo Teixeira, preso no dia 17 de setembro durante a ação que apura um esquema ligado ao setor de mineração em Minas Gerais. O envio ocorreu conforme o procedimento aplicado quando surgem referências a autoridades com foro no Supremo.
Segundo a Polícia Federal, a anotação integra um organograma que descreve uma suposta estrutura criminosa no segmento de lavra e licenciamento ambiental. O esquema teria movimentado cerca de R$ 1,5 bilhão por meio de corrupção de servidores públicos em órgãos ambientais e na Agência Nacional de Mineração. Entre os nomes apontados, aparecem empresários do setor e o ex-deputado estadual João Alberto Paixão Lages, que foi preso na operação.
A defesa do senador afirmou que seu escritório de advocacia atuou na defesa de Lages e da empresa Global Mineração entre 2020 e 2024 em procedimentos criminais. Em nota, Pacheco declarou que mantém relação de amizade com o ex-deputado desde 2014 e disse desconhecer o motivo do material ter sido remetido ao Supremo.
“Não posso comentar sobre um papel manuscrito de autoria incerta. O que me estranha é isso aparecer e ser vazado agora, veiculando o nome de diversas autoridades sem nenhum critério e lastro em prova. Sobre a tramitação e a razão de estar no Supremo, desconheço. Não tenho como afirmar. De qualquer forma, sobre esse contexto, o que posso afirmar é que conheço o ex-deputado João Alberto, desde 2014, da atividade político-partidária, bem como que meu escritório de advocacia, que levava meu nome, atuou em sua defesa e de sua empresa em procedimentos de natureza penal, inclusive perante tribunais, até o ano de 2024. Nada além disso”, afirmou em nota.
Além da anotação com o organograma, os investigadores localizaram outro registro que menciona o sobrenome do senador em associação ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais e ao Tribunal Regional Federal, sem detalhamento de processos. A Polícia Federal encaminhou as informações ao juiz responsável pelo caso, que remeteu o material ao gabinete do ministro Dias Toffoli, onde aguarda análise.

Junto ao documento, seguiram também pedidos de habeas corpus apresentados pelas defesas de investigados que seriam apreciados em primeira instância. A transferência visa definir se a investigação deve continuar em Minas Gerais ou passar a tramitar no Supremo em razão da citação a autoridade com prerrogativa de foro. O procedimento não implica presunção de conduta ilícita por parte do parlamentar.
A defesa de Teixeira contestou a prisão e alegou que desavenças internas na corporação motivaram o pedido de custódia. Segundo os advogados, não há elemento concreto que indique interferência do delegado em apurações conduzidas pela Polícia Federal. O espaço permanece aberto para manifestações dos demais citados no material enviado ao Supremo.