Antropólogo destaca apoio de igrejas após desabafo de Otoni de Paula sobre chacina no Rio

Atualizado em 31 de outubro de 2025 às 9:37
O deputado federal Otoni de Paula (MDB) – Reprodução

O antropólogo Orlando Calheiros, escritor e colunista do Intercept Brasil, usou suas redes sociais na última quinta-feira (30), para ressaltar as ações religiosas nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, após a região ser palco de uma chacina com 121 mortos, segundo números oficiais.

Calheiros destacou o apoio de igrejas evangélicas após um forte desabafo do deputado federal Otoni de Paula (MDB) no Congresso, que revelou que entre as vítimas estão jovens que frequentavam sua igreja e “nunca portaram fuzis”. Veja o texto de Orlando Calheiros: 

Pessoal surpreso com o discurso do deputado evangélico Otoni de Paula condenando sem rodeios a ação da Polícia Militar, nem imagina que a Igreja Universal montou um ponto de apoio na Penha para dar suporte aos familiares das vítimas e moradores do complexo do Alemão e da Penha.

Ainda durante a operação, grupos de evangélicos de diversas denominações, células inteiras, criticavam a ação se mobilizavam pedindo orações e oferecendo suporte – inclusive abrigo – para os moradores dessas localidades.

Pessoal adora falar dos evangélicos sem fazer ideia de como essas igrejas atuam no dia a dia do povo, de como quando o bicho pega, são eles que estão ali de braços abertos oferecendo ajuda real e não discursos bonitos na internet.

Eu não canso de repetir que estatisticamente o rosto dos evangélicos não é o do Malafaia ou do Feliciano, mas o de uma mulher negra moradora de periferias, uma mulher que, muitas vezes, só vai encontrar ajuda ou conforto nos templos evangélicos.

Agora imagine, quem essa mulher vai ouvir na hora do voto? Em quem ela vai acredita? No pastor/missionária que esteve ao seu lado nos momentos difíceis da sua vida, ou no político/militante que só aparece de quatro em quatro anos – quando isso – pedindo voto?

É muito fácil – para não usar outra palavra – dizer que o povo não sabe votar, xingar, dizer que são burros por votar em quem o pastor indica. Difícil é se mobilizar para atuar no concreto, ali onde o bicho pega, criar relação, confiança, etc…

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.