
O governo do Rio de Janeiro informou nesta sexta (31) que 99 dos 121 mortos na Operação Contenção, deflagrada contra o Comando Vermelho, já foram identificados. Segundo o balanço da Polícia Civil, 42 deles tinham mandado de prisão em aberto e ao menos 78, um histórico por crimes como homicídio, tráfico de drogas e participação em organização criminosa. Ou seja: 21 não possuíam passagens por crimes graves.
A corporação ainda afirmou que 40 deles são de outros estados, como Pará, Amazonas, Bahia, Goiás, Espírito Santo, Ceará e Paraíba. A ação, realizada nos complexos do Alemão e da Penha, é considerada a mais letal da história do país.
De acordo com o secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, “é preciso uma mobilização nacional no combate a essa organização criminosa. A legislação atual está completamente desconectada da realidade”.
O secretário classificou todos os os mortos como “narcoterroristas” e alegou que a operação foi necessária diante da força armada da facção. A ação mobilizou 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar e do Gaeco (Ministério Público do Rio).
No Instituto Médico Legal (IML), mais de 100 corpos passaram por necropsia até a noite de quinta (30). Parte já foi liberada às famílias. O trabalho é acompanhado pelo Ministério Público do Rio, que deve elaborar laudos próprios com peritos independentes. Desde terça (28), 15 corpos foram retirados do local.

A Defensoria Pública do Estado afirmou ter pedido para acompanhar as perícias, mas teve o acesso negado pela Polícia Civil. O órgão argumenta que sua presença está prevista pela “ADPF das Favelas”, decisão do Supremo Tribunal Federal que garante o acompanhamento de operações em comunidades.
O governo estadual, por sua vez, restringiu o acesso ao IML apenas a policiais civis e membros do Ministério Público. Entidades de direitos humanos criticam a falta de transparência e cobram investigação independente sobre possíveis execuções e abusos durante a operação.
Embora o governo tenha declarado “sucesso” na ação, o principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, o Doca, líder do Comando Vermelho, continua foragido. O Disque Denúncia oferece R$ 100 mil por informações sobre seu paradeiro. Segundo a Secretaria de Segurança, ele conseguiu escapar após usar traficantes para formar uma barreira contra o avanço policial.