Mendonça freia cassação de governador bolsonarista de RR após contrato com seu instituto

Atualizado em 1 de novembro de 2025 às 8:43
O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP). Foto: Reprodução

O ministro André Mendonça, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), interrompeu o julgamento que pode cassar o mandato do governador bolsonarista de Roraima, Antonio Denarium (PP), depois que o governo estadual contratou por R$ 273 mil o Instituto Iter, empresa privada fundada pelo próprio ministro, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

O contrato entre o governo estadual e o Instituto Iter foi assinado em 18 de fevereiro, entre o secretário de Licitação e Contratação de Roraima, coronel Everson Cerdeira, e o CEO do Iter, Victor Godoy, ex-ministro da Educação e aliado de Mendonça no governo Bolsonaro. Segundo o documento, o objetivo do acordo era capacitar servidores públicos de Roraima.

O site e o perfil do Iter nas redes sociais, onde Mendonça aparece como fundador e divulgador da marca, descrevem o instituto como uma entidade voltada à “capacitação para transformar profissionais e a sociedade”. O contrato previa duração de seis meses e já havia sido concluído quando o ministro fez o primeiro pedido de vista, em agosto.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça em palestra no Instituto Iter, do qual é sócio. Foto: Reprodução

Julgamento

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) contra Denarium foi movida pela coligação da ex-prefeita Teresa Surita (MDB), derrotada nas eleições de 2022. O governador é acusado de abuso de poder político e econômico, com denúncias de distribuição de cestas básicas, aumento de gastos com publicidade e reformas de casas de eleitores durante o período eleitoral.

A relatora do caso, ministra Isabel Gallotti, já havia apresentado voto pela cassação de Denarium e de seu vice, Edilson Damião (Republicanos), além da realização de novas eleições no estado. Pouco depois, Mendonça pediu vista e interrompeu o julgamento.

O prazo inicial de 30 dias foi prorrogado por mais um mês — o limite permitido pelo regimento do TSE — e venceu no sábado (1º). Com a paralisação e ainda cinco ministros pendentes de voto, o desfecho do processo pode ficar para 2026, último ano de mandato de Denarium.

Vínculos políticos

Empresário do setor agropecuário e imobiliário, Antonio Denarium foi eleito governador de Roraima em 2018 pelo PSL, no embalo da onda bolsonarista que levou Jair Bolsonaro à Presidência. Em 2022, foi reeleito.

Já André Mendonça chegou ao STF em 2021, indicado por Bolsonaro para a vaga de Marco Aurélio Mello, após o então presidente prometer nomear um ministro “terrivelmente evangélico” para a Corte. Antes disso, ele foi ministro da Justiça e advogado-geral da União no governo Bolsonaro.

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Jair Bolsonaro e Antonio Denarium. Foto: Reprodução