
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou neste sábado (1º) que o governo da China abrirá canais de diálogo com o setor automotivo brasileiro para evitar o desabastecimento de chips semicondutores usados na produção de veículos. O acerto foi comunicado pelo embaixador chinês Zhu Qingqiao, segundo publicou Alckmin em sua conta no X (antigo Twitter).
A medida busca preservar o funcionamento de uma das cadeias produtivas mais relevantes do país. Segundo o vice-presidente, a indústria automotiva emprega 1,3 milhão de pessoas no Brasil e tem forte impacto em setores complementares, como siderurgia, química, plásticos e borracha. “Seguindo as orientações do presidente Lula, vamos seguir o caminho do diálogo com nossos parceiros, gerando emprego, renda e oportunidades compartilhadas”, afirmou Alckmin.
A preocupação com o fornecimento de semicondutores aumentou após a escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, que afetaram o fluxo global desses componentes. No Brasil, o setor automotivo enfrentou atrasos na produção e paralisações temporárias em fábricas durante a pandemia, quando a escassez global de chips atingiu níveis críticos.

A decisão de Pequim de abrir diálogo direto com o Brasil é vista como um gesto de confiança nas relações bilaterais, que têm se intensificado desde a visita de Lula à China em 2023. O governo brasileiro tenta equilibrar a parceria com o gigante asiático, seu principal parceiro comercial, e as relações estratégicas com os Estados Unidos, que lideram uma política de restrição tecnológica a empresas chinesas.
A cadeia automotiva é responsável por cerca de 22% do PIB industrial brasileiro e movimenta um amplo ecossistema de fornecedores. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de carros no país tem se recuperado gradualmente, mas depende da estabilidade no fornecimento de componentes eletrônicos.
O governo brasileiro espera que a aproximação com a China traga maior previsibilidade no acesso a insumos tecnológicos, especialmente diante da transição para veículos elétricos, que exigem um volume ainda maior de semicondutores. “Garantir o fluxo de chips é garantir emprego e competitividade para a indústria nacional”, disse uma fonte do MDIC.